Sua exposição "Particular Matter(s)", que abre nesta sexta-feira (11) ao público no centro de exposições The Shed, em Nova York, é uma homenagem às aranhas e um alerta sobre a crise ambiental gerada pelos "efeitos destrutivos do capitalismo" que está causando a extinção em massa de aracnídeos, insetos e outros invertebrados, com enormes consequências para o equilíbrio do planeta.
A instalação "Free the Air: how to hear the universe in a ("Solte o ar: como ouvir o universo em uma teia de aranha", em tradução livre) leva o visitante a reviver esse universo.
Trata-se de um gigantesco globo branco integrado por uma rede de quase 30 metros de diâmetro flutuando a 12 metros de altura. Nessa rede, o público experimenta a fragilidade de uma teia de aranha para sentir "o concerto de vibrações derivadas do movimento de partículas pelo ar", que é o meio utilizado pelos aracnídeos para "enviar informações", segundo a apresentação da obra.
À medida que as luzes se apagam no globo, que tem uma segunda rede abaixo para quem quer ver o mundo de outra perspectiva, as redes se movem ao ritmo dos elementos atmosféricos. Vento, chuva ou luz provocam sons nas aranhas quando interagem com as teias que constroem para capturar suas presas.
É exatamente isso que Saraceno pretende recriar, em seu último trabalho de uma extensa carreira internacional que o levou a expor em cidades de todo o mundo e nas Bienais de Veneza e São Paulo.
A instalação é complementada por "Webs of At-tent(s)ion" (Redes de Atenção em um jogo de palavras com ambivalência), uma série de belas e delicadas reproduções de teias de aranha que podem ser vistas no escuro graças à projeção de poderosas luzes diretas como se fosse um universo sideral.
Depois de ter participado do Programa Internacional de Estudos Espaciais do Centro de Pesquisas Ames da NASA, o artista lembra que cientistas encontraram semelhanças entre teias de aranha com simulações da teia cósmica, a estrutura invisível formada por aglomerados de galáxias.
A exposição é completada por esculturas cósmicas, instalações que simulam o Universo e uma série de fotos impressas com tinta de carbono feita a partir da poluição atmosférica na Índia.
Saraceno, de 49 anos, arquiteto de formação que colabora com comunidades e espécies impactadas pela ação humana, quer que "as pessoas interpretem por si mesmas e que a mensagem seja co-construída através dos participantes" nesta exposição sensorial, declarou à AFP .
"Particular Matter(s)", que poderá ser visitada até 17 de abril, é um convite a "olhar mais de perto o mundo em que coabitamos" e descobrir "os ritmos entrelaçados do nosso planeta", afirma na apresentação de sua nova exposição.
NOVA YORK