No Twitter, o órgão informou que a "Procuradoria executa a invasão e revista domiciliar para fins de apreensão no Palácio do Governo e em outros 14 imóveis vinculados à investigação pelo suposto direcionamento na aquisição do Biodiesel B100 - a cargo da Petroperú - em favor da empresa HPO S.A.", iniciais da peruana Heaven Petroleum Operators.
A operação incluiu a busca simultânea nas residências de funcionários da Petroperú, que segundo o MP "teriam sido coniventes interessados indevidamente" em favorecer a empresa HPO com a adjudicação do contrato de compra de combustível.
A hipótese fiscal sustenta que a irregularidade teria ocorrido por meio de acordos firmados "em 18 de outubro de 2021 no Gabinete Presidencial".
A presença de policiais e procuradores na sede da Presidência do Peru começou na madrugada de sexta-feira e durou por mais de 10 horas, até aproximadamente às 15h30 locais, quando deixaram a sede do Poder Executivo.
Um dos promotores presentes, Luis Alberto Medina, declarou brevemente aos jornalistas que "foram coletadas informações relacionadas ao caso Petroperú" e indicou que ninguém foi interrogado, pois as pessoas podem ser posteriormente intimadas pelo Ministério Público.
O funcionário não deu mais detalhes, alegando tratar-se de informação confidencial na investigação.
- 'Imunidade absoluta' -
No início de janeiro, o Ministério Público anunciou a abertura de um inquérito preliminar por este caso contra o presidente Pedro Castillo, por supostamente intervir em um processo de aquisição de biodiesel para beneficiar a HPO S.A., dirigida pelo empresário Samir Abudayeh, com "um contrato no valor de US$ 74 milhões".
No entanto, esclareceu que o processo ficaria suspenso até que Castillo completasse seu mandato de cinco anos, em 2026, já que o presidente conta com "imunidade absoluta que transcende a esfera processual penal" no Peru.
Para o advogado e ex-presidente da Transparência Internacional José Ugaz, esta operação "é um indicativo de que há suspeitas de envolvimento em atos ilegais no ambiente do presidente Castillo".
Ugaz, ex-procurador entre 2000 e 2002 no caso que levou à renúncia do ex-presidente peruano Alberto Fujimori há duas décadas, explicou à AFP que são necessárias explicações do presidente Castillo "tanto pela suposta interferência na nomeação de oficiais militares, quanto na o caso da Petroperú".
Ele considera que é preciso responder "por que o gerente-geral da Petroperú e a empresária lobista Karelim López entraram no Palácio do Governo para aparentemente conversar com o presidente ou sua comitiva".
Para Ugaz, as justificativas do presidente para a presença de personagens como López em seu ambiente "são inverossímeis".
Ele lembrou escândalos como as reuniões noturnas ocultas que o presidente Castillo realizou fora de sua residência oficial, que não constavam do registro presidencial e cuja lista de participantes não foi informada.
LIMA