Caminhoneiros independentes continuaram neste domingo (13/2), pelo terceiro dia consecutivo, os bloqueios nas rodovias do Chile em protesto pela morte de um colega, apesar de um acordo alcançado com o governo de Sebastián Piñera que envolve a militarização de áreas de fronteira.
Além disso, a Latam, principal companhia aérea nacional, anunciou que a suspensão de voos está mantida como resultado de cortes nos acessos a aeroportos do norte do Chile, especialmente em Iquique, porto a cerca de 1.800km de Santiago.
"O bloqueio não acabou. Até que os líderes nos digam, está mantido", disseram os motoristas sobre seus caminhões bloqueando a principal rodovia de Iquique, em cenas que se repetem em vários trechos próximos a Santiago e no sul do país.
O governo chegou a um acordo no sábado com 17 sindicatos de caminhoneiros para garantir maior segurança na rota, especialmente no norte, onde denunciam o aumento de assaltos e ataques em meio a uma complexa situação migratória.
Envio de solados para a fronteira
O acordo implica um "estado de exceção", em vigor a partir desta segunda-feira (14/2), para o envio de soldados e ajuda em equipamentos nas zonas fronteiriças de quatro províncias das regiões de Antofagasta e Arica.Após este anúncio, o influente sindicato dos caminhoneiros suspendeu os bloqueios, realizados em protesto contra a migração irregular.
Por esta região do altiplano, desde 2020 epicentro de uma crise migratória sem precedentes no Chile, entram diariamente de forma clandestina milhares de pessoas, a maioria de nacionalidade venezuelana.
Foi em uma estrada que liga essas áreas com a cidade mineira de Antofagasta que, na quinta-feira, um jovem caminhoneiro chileno morreu após um suposto confronto com três pessoas, entre elas um menor de 16 anos, que a polícia identificou como venezuelanos.
A polícia prendeu três venezuelanos após o incidente.
Este novo incidente aumentou a tensão que existe há meses nas grandes cidades do norte do Chile, fronteira com o Peru, que sofrem com problemas de segurança pública e a deterioração de seus espaços públicos desde a chegada descontrolada de imigrantes indocumentados.
Ao menos 20 migrantes morreram nas passagens clandestinas a mais de 4.000 metros de altitude e com temperaturas abaixo de zero quando fazem a travessia, durante a noite.