Jornal Estado de Minas

PARIS

Videogames, filmes e séries: a história de amor se confirma

Os videogames se tornam filmes, assim como heróis das telonas são transformados em jogos. A mistura de gêneros se confirma com a estreia de "Uncharted: Drake's Fortune", sucesso nos consoles Playstation.



A gigante japonesa Sony não poupou esforços para levar aos cinemas este jogo que lembra a saga "Indiana Jones".

Para isso, recrutou atores famosos como o britânico Tom Holland, queridinho das novas gerações por seu papel em "Homem-Aranha", mas também rostos consagrados como o americano Mark Wahlberg e o espanhol Antonio Banderas.

Este longa-metragem dirigido ao público familiar gera muitas expectativas.

"O jogo foi um sucesso colossal (com mais de 40 milhões de cópias vendidas) que não deve levar a um fracasso no cinema", disse Laurent Michaud, economista especialista em videogames.

Se a aposta for um sucesso de bilheteria, a Sony, que é a principal empresa de consoles e um dos principais players da indústria cinematográfica, certamente terá uma mina de ouro para explorar.

O grupo "tem muitas outras franquias de sucesso", destaca Mio Kato, analista da LightStream Research.



Não há nada de original nessa fórmula, e essas adaptações para o cinema datam de algum tempo, começando com o lançamento rudimentar de "Super Mario" em 1993.

O primeiro sucesso de bilheteria, apesar das críticas mistas sobre a qualidade do produto, foi "Tomb Raider", de 2001, estrelado pela atriz americana Angelina Jolie no papel da personagem Lara Croft.

Outros seguiram o caminho inverso, com resultados questionáveis. Mas nessas tentativas, poucos conseguiram o favor do público e da crítica, como foi o caso de "Goldeneye" da saga "James Bond" em sua versão para o console Nintendo 64.

Para John Evershed, diretor de estratégia dos estúdios de animação americano Trioscope, recentemente houve um aumento maciço nas adaptações de videogames para filmes e séries.

- Fidelizar -

"Há dois anos, houve uma adaptação notável de uma série de televisão baseada em um videogame: 'Castlevania'", aponta à AFP, referindo-se a um jogo do grupo japonês Konami, que se passa em um universo inspirado em "Drácula".

"Agora existem mais de 12 séries em diferentes estágios de desenvolvimento ou produção", explica.



Entre eles "Arcane", que, como "Castlenavia", é transmitido na plataforma americana Netflix.

Esta série animada é originária de "League of Legends", o principal jogo do estúdio Riot Games, que foi lançado em novembro, após a final de um torneio mundial desta disciplina, que é uma das mais populares do mundo.

Para os especialistas há vários motivos que explicam o aumento dessas adaptações. "Os videogames têm sido de suma importância na indústria do entretenimento. Culturalmente, eles são mais relevantes para pessoas entre 18 e 34 anos do que música ou filmes", disse Evershed, referindo-se ao tamanho da indústria.

A base do número de jogadores também aumentou consideravelmente.

Michaud apontou que agora há pessoas na faixa dos 50 ou 60 anos que jogam. "Quando um filme inspirado em jogos é lançado, você sabe que tem potencial para atrair um grande público", acrescenta.

Além disso, Daniel Ahmad, analista da Niko Partners, indica que "plataformas como a Netflix podem atrair e reter espectadores que são jogadores para aumentar sua base de usuários".

"Uma forma de fazer isso é oferecer a eles conteúdo que os atraia, como esse tipo de jogo", disse.