Jornal Estado de Minas

JERUSALÉM

Chefe do governo israelense faz visita histórica ao Bahrein

O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, inicia nesta segunda-feira(14) uma visita oficial ao Bahrein, a primeira de um chefe de governo israelense a este país árabe do Golfo considerado estratégico para combater a influência do Irã na região.



O Bahrein e os Emirados Árabes Unidos, aliados próximos dos EUA, foram os primeiros países do Golfo a normalizar as relações com Israel.

Nas últimas semanas, Bennett e o presidente israelense, Isaac Herzog, já visitaram os Emirados.

O ministro da Defesa, Benny Gantz, foi ao Bahrein em fevereiro para assinar um acordo com este país, onde o quartel da Quinta Frota dos EUA está localizado na costa do Golfo, a apenas algumas centenas de quilômetros do Irã, em uma área marítima por onde os petroleiros transitam normalmente.

Antes de seu avião decolar do aeroporto de Tel Aviv às 17h30, hora local (12h30 de Brasília), Bennett observou que era "importante, principalmente nestes tempos tumultuados, que desta região enviemos uma mensagem de boa vontade, de cooperação, de unidade contra os desafios comuns".

Bennett e sua delegação se reunirão com as autoridades do Bahrein na terça-feira, começando com o rei Hamed bin Issa Al Khalifa.

A visita de Bennett ocorre no momento em que os Estados Unidos pressionam por um novo acordo sobre o programa nuclear do Irã em negociações em Viena.



Israel se opõe a este acordo e, em janeiro, suas autoridades enfatizaram que não se sentirão "vinculados a este pacto e manterão total liberdade de ação".

"O Bahrein e Israel são ameaçados há anos pelas ações do Irã. Há uma rebelião no Bahrein apoiada pelo Irã (...) e do lado israelense há o Hezbollah na fronteira norte (Líbano) e o Hamas no sul (Gaza)", resumiu Dore Gold, diretor do Centro de Assuntos Públicos de Jerusalém.

"Ambos os nossos países têm sérios problemas com a política iraniana", acrescentou Gold, especialista em relações entre Israel e os países do Golfo, cujo instituto assinou uma parceria com o think tank do Bahrein Derasat.

"Neste momento de discussões em Viena (a reaproximação com o Bahrein) é uma demonstração simbólica de força que mostra que nossos dois países estão trabalhando juntos", disse Yoël Guzansky, analista do Instituto de Estudos de Segurança Nacional (INSS, em sua sigla em inglês), de Tel Aviv.

Após o acordo de defesa assinado com o Bahrein, Israel terá que enviar um oficial da Marinha para aquele país.

Mas, ao mesmo tempo, o Bahrein não "quer ser visto como uma base militar israelense no Golfo" e deve lidar com "vívidas reações" à normalização das relações com Israel, disse Guzansky.

O Bahrein, liderado por uma dinastia sunita, é um país de maioria xiita, um ramo do islamismo que domina o Irã. Em 2011, houve uma grande revolta popular, que foi rapidamente reprimida.