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Estado de Minas PRODUTO FARMACÊUTICO FAZENDO MAL

Contaminação de rios por remédios ameaça saúde mundial, diz estudo

Paracetamol, nicotina, cafeína e remédios para epilepsia e diabetes foram detectados, segundo a pesquisa


16/02/2022 09:15 - atualizado 16/02/2022 12:08


Rio poluído
O Rio Azul, em Túnis, tem uma das maiores concentrações de drogas, segundo o estudo (foto: Dr John Wilkinson)

A poluição dos rios do mundo por remédios e outros produtos farmacêuticos representa uma "ameaça à saúde ambiental e global", segundo um novo estudo.

Paracetamol, nicotina, cafeína e medicamentos para epilepsia e diabetes foram detectados em um estudo da Universidade de York, no Reino Unido.

A pesquisa está entre as mais extensas realizadas em escala global.

Rios do Paquistão, Bolívia e Etiópia estavam entre os mais poluídos. Os rios da Islândia, da Noruega e da floresta amazônica se saíram melhor.

O impacto de muitos dos produtos farmacêuticos mais comuns nos rios ainda é desconhecido. Mas já se sabe que anticoncepcionais podem afetar o desenvolvimento e a reprodução dos peixes. Cientistas temem que o aumento da presença de antibióticos nos rios possa limitar sua eficácia como medicamentos.


Bamboo bridge over a river
Esta parte do rio Nam Khan, em Laos, geralmente tem baixas concentrações de produtos farmacêuticos (foto: Dr John Wilkinson)

O estudo coletou amostras de água de mais de mil locais em mais de 100 países. Mais de um quarto dos 258 rios amostrados tinham o que é conhecido como "ingredientes farmacêuticos ativos" presentes em um nível considerado inseguro para organismos aquáticos.

"Normalmente, o que acontece é que usamos esses produtos químicos, eles produzem alguns efeitos desejados em nós, e depois deixam nossos corpos", disse um dos autores do estudo, John Wilkinson, à BBC News.

"O que sabemos agora é que mesmo as estações de tratamento mais modernas e eficientes não são completamente capazes de degradar esses compostos antes que eles acabem em rios ou lagos."

Os dois medicamentos mais frequentemente detectados foram a carbamazepina, usada para tratar a epilepsia e dores nos nervos, e a metformina, usada para tratar diabetes.

Também foram encontradas altas concentrações de compostos ligados a estilo de vida, como cafeína (café), nicotina (cigarros) e paracetamol.

Na África, a artemisinina, que é usada contra malária, também foi encontrada em altas concentrações.

"Podemos dizer que [o impacto da presença de produtos farmacêuticos nos rios] provavelmente será negativo, mas você tem que fazer testes individuais com cada um e há relativamente poucos estudos", disse à BBC News a ecologista aquática Veronica Edmonds-Brown, da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido.

"Isso só vai piorar à medida que estamos usando cada vez mais soluções farmacológicas para qualquer doença, seja física ou mental."

O estudo diz que o aumento da presença de antibióticos nos rios também pode levar ao desenvolvimento de bactérias resistentes, prejudicando a eficácia dos medicamentos e, em última análise, representando "uma ameaça global ao meio ambiente e à saúde global".

Os locais mais poluídos estavam em grande parte em países de baixa e média renda e em áreas onde havia despejo de esgoto, má gestão de águas e fabricação de produtos farmacêuticos.

"Nós vimos rios contaminados na Nigéria e na África do Sul com concentrações muito altas de produtos farmacêuticos e isso se deve basicamente à falta de infraestrutura no tratamento de águas", disse Mohamed Abdallah, professor da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

"Isso é mais preocupante porque as populações mais vulneráveis com menos acesso a cuidados de saúde são as mais expostas."

Quando perguntado sobre o que pode ser feito, o principal autor do relatório tem uma visão pessimista.

"Vamos precisar de muitas pessoas muito mais inteligentes do que eu para resolver o problema", diz Wilkinson. "Uma das poucas coisas que podem surtir efeito agora é o uso adequado de medicamentos."

Isso significa dificultar a obtenção de medicamentos como antibióticos e restrições mais rígidas nas doses.

O estudo completo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

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