"Diante de um encontro agendado e pacífico, vêm pessoas que nos procuram para falar sobre este novo comunismo atirando pedras", disse à AFP o deputado do Vox Víctor González, um dos participantes do chamado Foro de Madri.
Organizado por essa formação política, o evento acontece neste fim de semana, com a ajuda de apoiadores da direita na Colômbia, no Peru, no Chile, na Venezuela e dissidentes cubanos, entre outros.
Segundo González, o fórum, que está em sua primeira edição, busca "lutar contra o comunismo" na América Latina. "É nossa obrigação como espanhóis vir a defender nossos usos, nossos costumes, frente ao ódio entre irmãos que é vendido pelo Foro de São Paulo", plataforma que reúne vários movimentos da esquerda latino-americana e ao qual o novo fórum promovido pelo Vox pretende "se contrapor", explicou o deputado.
- 'Desrespeito' -
Cerca de 100 manifestantes com bandeiras antifascistas se concentraram desde a manhã em frente ao hotel no norte de Bogotá onde acontecia o evento. Antes do meio-dia, homens encapuzados atiraram pedras, quebrando janelas da fachada. A tropa de choque atuou em seguida, com bombas de efeito moral.
Alguns manifestantes foram presos e um policial ficou ferido no braço. "Acho desrespeitoso que um grupo de extrema direita venha se reunir com os paramilitares na Colômbia", disse um manifestante algemado. "São eles os nazistas!", acrescentou o jovem.
Após os tumultos, o deputado do Vox Hermann Tertsch, um dos palestrantes, culpou os "grupos comunistas" e o "entorno de Gustavo Petro", ex-guerrilheiro e senador de esquerda que lidera as intenções de voto para as eleições presidenciais de maio na Colômbia. Exibindo uma das pedras lançadas pelos manifestantes, Tertsch exclamou: "Esses são os argumentos de Petro!"
- 'A próxima batalha' -
Foi a conjuntura eleitoral que trouxe o inédito fórum da direita para Bogotá. "Viemos à Colômbia porque é a próxima grande batalha. Petro é um candidato muito perigoso", afirmou González.
O ex-militante da guerrilha M-19 propõe reformas na polícia e no sistema financeiro, em um país sacudido por enormes protestos contra o governo e as forças de segurança desde 2019. Também garante que irá suspender a exploração de petróleo, principal exportação do país, para apostar em fontes de energia renováveis.
A esquerda "quer que a Colômbia caia como o Chile caiu", afirmou Tertsch, ao se referir à vitória do esquerdista Gabriel Boric nas eleições presidenciais chilenas do ano passado.
González garantiu que o Vox "encontrou um enorme apoio" na Colômbia, no Chile e no Peru, onde governa desde 2021 outro esquerdista, Pedro Castillo. Quatro deputados que se opõem a seu governo participam do evento.
"Há um movimento [de direita] que começa a ganhar corpo para fazer confrontação e resistência", advertiu o político espanhol.
BOGOTÁ