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Estado de Minas PEQUIM

Airbnb na mira na China por aluguéis em Tibete e Xinjiang


18/02/2022 10:16
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O sólido crescimento na China do Airbnb, patrocinador dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, está em parte vinculado aos 700 aluguéis turísticos que a plataforma oferece no Tibete e em Xinjiang, onde a China é acusada de violar direitos humanos.

As acusações se baseiam em dados exclusivos da ONG 'Free Tibet', que tem sede em Londres, obtidos e verificados pela AFP.

A plataforma americana de aluguéis turísticos não desistiu de apoiar os Jogos - que terminam neste domingo -, apesar dos apelos de associações de defesa das liberdades.

O Airbnb é um dos principais patrocinadores do Comitê Olímpico Internacional (COI), com um contrato de patrocínio de nove anos que se estende até 2028. Este apoio alcança 500 milhões de dólares, segundo o Financial Times.

Estados Unidos e outros países, que denunciaram a repressão dos muçulmanos uigures em Xinjiang, boicotaram "diplomaticamente" os Jogos de Pequim, enviando seus atletas, mas não funcionários dos governos.

O Airbnb oferece 380 aluguéis nesta região, segundo a 'Free Tibet'.

A plataforma oferece outros 300 no Tibete, onde a China está acusada de reprimir a liberdade religiosa e a cultura local.

- "Romântico" -

Em troca de uma comissão, o Airbnb põe proprietários de casas em contato com viajantes que podem alugar por períodos variáveis um lugar para passar as férias.

Com cotação em Bolsa nos Estados Unidos, a empresa diz que obtém 1% de sua receita global da China. Seu volume de negócios aumentou 25% no ano passado em relação a 2019, antes da pandemia de covid-19.

A China "é um elemento importante da nossa vocação de relacionar as pessoas de todos os países", disse o Airbnb à AFP.

A plataforma apoia causas como o Black Lives Matter, movimento antirracista nascido nos Estados Unidos, e afirma ter abordado a "importância dos direitos humanos" em suas discussões com o COI.

A China, acusada de prender mais de um milhão de uigures em campos de reeducação política, apresenta Xinjiang como um magnífico destino turístico.

No site do Airbnb, os hóspedes elogiam o "estilo étnico" dos aluguéis propostos e seu marco "misterioso e romântico".

No passado, Xinjiang foi palco de atentados atribuídos a separatistas ou islâmicos uigures.

- Prisões e turismo -

Hoje, especialistas da região e diversos uigures exilados em outros países acusam o governo comunista chinês de tentar eliminar a cultura muçulmana.

Um habitante uigur, instalado atualmente nos Estados Unidos, afirma que os turistas chegaram em massa a Xinjiang depois de uma onda de prisões a partir de 2017, o que esvaziou bairros inteiros de seus habitantes uigures.

No final de 2021, o portal americano Axios afirmou que o Airbnb oferecia em Xinjiang mais de 10 aluguéis pertencentes a uma empresa chinesa vinculada ao exército e que é alvo de sanções nos Estados Unidos.

Washington acusa a China de obrigar os uigures a trabalhos forçados e de impor esterilizações. O governo Biden usa o termo "genocídio" para se referir ao que acontece em Xinjiang, uma classificação também adotada no mês passado pelo Parlamento francês e energicamente rejeitada por Pequim.

Depois de negar inicialmente a existência desses campos, a China os apresenta agora como "centros de treinamento profissional" destinados a afastar seus residentes do radicalismo islâmico.

As empresas que se aproveitam do turismo em áreas vazias de seus habitantes "são cúmplices de um processo de genocídio" acusa o sinólogo David Tobin, da Universidade de Sheffield (Inglaterra).

Um militante uigur instalado na Noruega, Abduweli Ayup, considera que os aluguéis oferecidos pelo Airbnb e outras plataformas podem ser encontrados em lugares que pertenceram a uigures.

Essas empresas "têm o dever de determinar quem são os proprietários e dizer o porquê de tantas casas estarem vazias".

Airbnb


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