O presidente americano, Joe Biden, impôs sanções a dois territórios controlados por pró-Rússia na região ucraniana de Donbass, mas um funcionário do alto escalão americano não quis chamar de invasão a ordem de Putin de enviar tropas às duas regiões separatistas "para manter a paz", o que levaria a sanções ocidentais mais amplas e duras contra Moscou.
"Iremos avaliar o que a Rússia fez", declarou o funcionário, enfatizando que as forças russas já foram mobilizadas de forma encoberta nas zonas separatistas por oito anos. "A mobilização de tropas russas em Donbass não seria um passo novo", ressaltou. "Continuaremos buscando a diplomacia até que os tanques avancem."
Joe Biden emitiu uma ordem executiva para "proibir novos investimentos, comércio e financiamento de pessoas dos EUA para, de ou nas chamadas regiões DNR e LNR da Ucrânia", disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.
A funcionária detalhou que essas medidas "são independentes e se somariam às medidas econômicas rápidas e severas" que Washington tem "preparadas em coordenação" com seus aliados ocidentais, "se a Rússia invadir ainda mais a Ucrânia".
O anúncio de Putin ocorre enquanto os ocidentais temem uma invasão iminente da Ucrânia, em cuja fronteira foram posicionados mais de 150.000 soldados russos, que estão em compasso de espera há cerca de duas semanas, segundo Washington.
- Resposta rápida e firme -
A Casa Branca classificou o reconhecimento pela Rússia da independência das regiões separatistas da Ucrânia como uma "violação flagrante" de seus compromissos internacionais.
Os territórios separatistas de Donetsk e Lugansk já possuíam relações extremamente limitadas com os Estados Unidos, mas estas sanções anunciam uma nova fase que poderia derivar no enfrentamento mais perigoso entre o Ocidente e Moscou desde a queda da União Soviética.
A decisão de Putin de reconhecer estas duas regiões separatistas da Ucrânia como independentes contradiz "o compromisso da Rússia com a diplomacia" e merece uma resposta "rápida e firme", disse mais tarde nesta segunda o secretário de Estado americano, Antony Blinken.
A presidência dos EUA também divulgou uma conversa telefônica de 30 minutos entre Biden, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz, que ocorreu após a declaração de Putin. Eles destacaram que a decisão russa "não ficará sem resposta", segundo o porta-voz do governo alemão, Steffen Hebestreit.
- 'Manter a paz' -
Biden lidera uma coalizão de países europeus e outros aliados dos Estados Unidos para montar um pacote do que consideram que serão sanções econômicas paralisantes contra a Rússia caso as tropas concentradas na fronteira com a Ucrânia iniciem um ataque.
Embora o Kremlin tenha negado durante semanas qualquer plano de invasão, paralelamente acumulou uma enorme concentração de tropas e armamento pesado em três frentes da Ucrânia.
Pouco após reconhecer sua independência, Putin determinou o envio de tropas às duas regiões separatistas como parte de uma operação para "manter a paz".
Moscou não deu detalhes nem datas de nenhuma mobilização, mas a ordem só estabeleceu que "entra em vigor a partir do dia que foi assinado". Por anos, Moscou tem dado apoio financeiro, político e militar aos rebeldes separatistas.
As sanções farão de Moscou um "pária para a comunidade internacional", advertiu na sexta-feira um alto funcionário do governo americano.
Washington também disse várias vezes que o gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia à Alemanha por via marítima, não entrará em funcionamento se Moscou atacar a Ucrânia