"Será mostrado que Ollanta Humala e Nadine Heredia receberam dinheiro ilícito do governo da Venezuela por meio do ex-presidente Hugo Chávez e também do Brasil, de uma empresa corrupta como foi a Odebrecht", disse o promotor do caso, Germán Juárez, ao começar a expor suas alegações.
O casal é acusado do crime de lavagem de dinheiro agravada, pelo qual a acusação pediu 20 anos de prisão para Humala e 26 para Heredia. A pena pedida para Heredia é maior porque inclui o crime de ocultação de fundos.
O casal é acusado de ter recebido da Odebrecht em 2011 contribuições ilegais de 3 milhões de dólares, declarou o ex-número um da empresa, Marcelo Odebrecht, a promotores peruanos.
Essas remessas teriam ocorrido a pedido do então presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva: "Foi um pedido do Partido dos Trabalhadores, porque havia uma ideologia semelhante entre Lula e Ollanta Humala", afirmou o promotor. Ele também sustentou que a empresa brasileira OAS contribuiu irregularmente com pelo menos 300 mil dólares.
No caso da Venezuela, a tese da promotoria, que remonta a 2015, é de que o dinheiro foi enviado em 2006 "pelo então presidente, Hugo Chávez, por meio de transferências bancárias com a empresa de investimentos Kayzamak". Os fundos de Caracas seriam de pelo menos 200 mil dólares.
Humala, 59 anos, e a mulher, 45, já passaram nove meses em prisão preventiva entre 2017 e 2018 por esse caso. Ambos negam as acusações.
Apenas o promotor interveio na sessão desta terça-feira. A próxima está prevista para 3 de março.
Essa é a primeira acusação formal contra um ex-presidente peruano que vai a julgamento pelo escândalo da Odebrecht, que admitiu em 2016 que pagou dezenas de milhões de dólares no Peru em subornos e doações ilegais de campanha desde o início do século XXI.
Humala é o primeiro de quatro presidentes que vão a julgamento pela trama de corrupção da Odebrecht no Peru. A audiência é transmitida ao vivo pela TV e é realizada de forma virtual, devido às restrições pela covid-19 vigentes no Peru, um dos países mais atingidos pela pandemia, com cerca de 210 mil mortos e 3,5 milhões de infectados.