O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse ontem, na abertura da Assembleia Geral da organização, que o mundo enfrenta “um momento de perigo” com a crise na Ucrânia. Para Guterres, “a decisão da Rússia de reconhecer a chamada 'independência' das regiões de Donetsk e Lugansk – e ações subsequentes – são violações da integridade territorial e soberania da Ucrânia e incompatíveis com os princípios da Carta da ONU".
Mais tarde, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, tomou a palavra, enfatizando que aquele país não era uma ameaça para a Rússia. “A Ucrânia nunca planejou, nem planeja, nenhuma operação militar em Donbas”, disse ele sobre as alegações russas de ações militares de Kiev na região leste, onde esses enclaves separatistas pró-Rússia estão localizados.
Kuleba pediu à ONU que tome “medidas concretas e rápidas” para impedir a escalada, que ele diz ser alimentada pelo avanço militar das tropas russas. “O início de uma guerra em grande escala na Ucrânia será o fim da ordem mundial como a conhecemos”, alertou, enfatizando: “Queremos a paz!”
A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, sublinhou que “se a Rússia continuar nesse caminho, poderá – segundo nossas estimativas – criar uma crise de refugiados, uma das maiores do mundo atual, com até 5 milhões de pessoas deslocadas pela guerra escolhida pela Rússia e sua pressão sobre os vizinhos”.
Segundo a americana, “como a Ucrânia é um dos maiores fornecedores mundiais de trigo, particularmente para o mundo em desenvolvimento, as ações da Rússia podem fazer com que os preços dos alimentos subam rapidamente e causem uma fome ainda mais desesperadora do que em lugares como Líbia, Iêmen e Líbano”.
Antes, seu colega russo, Vassily Nebenzia, afirmou que a situação atual é resultado do “golpe de 2014”, que levou a uma mudança de poder na Ucrânia com a saída forçada de um governo pró-Rússia. Desde então, Kiev realiza uma "repressão" contra a minoria de língua russa na Ucrânia, denunciou.