No verão passado, um consórcio de jornalismo investigativo revelou que os números de telefone de pelo menos 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas de defesa dos direitos humanos e 65 líderes empresariais haviam sido espionados pelo programa Pegasus.
Este "software" é considerado uma arma e está sujeito a autorização de exportação por parte do Ministério israelense da Defesa.
O Pegasus permite ativar, remotamente, câmeras e microfones de smartphones. Em princípio, é vendido para governos para usá-lo contra terrorismo, ou criminosos.
Antes dessas revelações, a NSO acumulou dívidas significativas nos últimos anos e, agora, os credores insistem em que a empresa continue a vender o Pegasus, sem olhar para quem, para manter as contas em equilíbrio.
O assunto foi parar na Justiça, com credores anônimos e o Berkeley Research Group (BRG), uma empresa de gestão americana que administra a maioria das ações do grupo, em lados opostos.
- Países de risco -
A AFP consultou centenas de páginas de documentos legais da denúncia, em hebraico e inglês. De acordo com estes papéis, os credores argumentam que vender o Pegasus apenas para países democráticos "impede a empresa de ter novos clientes".
Já o BRG pede o fim de alguns contratos, rapidamente, alegando que o mais importante para a NSO é sair da lista negativa de empresas que ameaçam a segurança dos Estados Unidos. A empresa foi incluída nesta listagem em novembro passado.
O BRG quer "interromper certas atividades com certos clientes", disse à AFP uma fonte próxima à NSO.
"Temos obrigações legais e não podemos" encerrar estes contratos, "a menos que os clientes desviem o Pegasus de seu uso principal", acrescentou.
"Se quiserem querem vender o programa para as democracias, ninguém vai impedi-los", afirmou uma fonte da equipe jurídica.
A NSO rescindiu "vários contratos" e abriu mão de oportunidades comerciais de "mais de US$ 300 milhões", devido à avaliação do respeito (ou não) aos direitos humanos por parte de clientes em potencial.
Em meio a esse confronto, a empresa americana Integrity Labs propõe, em janeiro, investir US$ 300 milhões na empresa e limitar as vendas aos países "Five Eyes", como é chamada a aliança de Inteligência que une os países anglo-saxões Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
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