O preço do petróleo superou nesta quinta-feira (24) os 100 dólares pela primeira vez em mais de sete anos, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, lançou uma ofensiva militar contra a Ucrânia.
Wall Street abriu com fortes perdas na sequência da crise russo-ucraniana e o principal índice, Dow Jones, caiu 2,46%, o índice ampliado S&P 500 perdeu 2,54% e o Nasdaq, de ações de tecnologia, caiu 3,45%.
Por volta das 11h30 (horário de Brasília), as bolsas europeias caíram com ainda mais força: Frankfurt recuava mais de 5%, assim como Milão, enquanto Paris operava em queda de mais de 4%, Madri e Londres, com retrocessos de 3%.
Moscou despencou mais de 35% e a moeda russa, o rublo, atingiu seu mínimo histórico em relação ao dólar, antes da intervenção do Banco Central russo.
Na Ásia, Hong Kong perdeu 3,21%. Tóquio fechou em queda de 1,81%, e Xangai, de 1,70%.
O preço do barril de petróleo do tipo Brent do Mar do Norte para entrega em abril - referência na Europa - operava em alta de 7,69%, negociado a 104,29 dólares.
Em Nova York, o West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril registrava alta de 7,52%, a US$ 99.
Na madrugada desta quinta, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início de uma "operação militar" na Ucrânia. Kiev diz se tratar de uma "invasão de grande alcance".
"Neste momento, é impossível apostar em qualquer cenário", diz Ipek Ozkardeskaya, analista da empresa de investimentos SwissQuote, para quem este "é o pânico nos mercados".
"Podemos apenas acompanhar de perto os últimos acontecimentos e estar preparados para mais volatilidade", acrescentou.
Ativos seguros se valorizam
Nas últimas semanas, a ameaça de uma guerra despertou temores sobre o abastecimento de produtos básicos chave, como trigo e metais, em meio a uma demanda crescente na reabertura das economias, após os fechamentos provocados pela pandemia da covid-19.
Nesta quinta-feira, o preço dos cereais bateu um recorde para as operações na Europa e o trigo alcançou o valor recorde de 344 euros por tonelada na plataforma Euronext, informaram analistas e operadores.
As cotações do trigo e do milho - dos quais a Ucrânia é o quarto maior produtor mundial - subiram de forma expressiva na abertura, poucas horas do início da invasão.
Outros ativos considerados refúgios seguros, como o ouro - que subia 43%, a 1.954,47 dólars a onça -, o dólar e o iene japonês, também se valorizaram.
"As tensões russo-ucranianas provocam um possível choque de demanda (na Europa) e um choque maior no abastecimento para o restante do mundo, em vista da importância da Rússia e da Ucrânia para (o setor de) a energia", declarou Tamas Strickland, do National Australia Bank.
Para um analista da Swissquote, "o aumento dos preços da energia é uma grande dor de cabeça para a Europa, porque 40% de seu gás natural e 30% de seu petróleo procedem da Rússia".
Em relação ao gás natural, o mercado de referência na Europa, aumentava 50% a mais do que na véspera.
A crise ocorre em um momento em que governos ao redor do mundo lutam para conter a inflação, alimentada por uma demanda crescente causada pela reabertura econômica mundial após os fechamentos provocados pela pandemia.
Grande parte das atenções está concentrada do Federal Reserve (Fed, Banco Central americano), cujas autoridades se preparam para elevar as taxas de juros em março para conter o aumento dos preços.
Analistas de mercado apostam em seis aumentos para este ano.
CIDADES UCRANIANAS ATACADAS PELA RÚSSIA