A polícia russa deteve nesta quinta-feira (24) em várias cidades mais de 1.400 pessoas por participarem de manifestações contra a guerra na Ucrânia, segundo a ONG de direitos humanos OVD-info.
LEIA TAMBÉM: Rússia invade Ucrânia: o que sabemos até agora sobre principais acontecimentos
Segundo a organização, ao menos 1.391 pessoas foram detidas em 51 cidades, 719 delas em Moscou, onde a AFP testemunhou dezenas de detenções na praça Puskhin, no centro da capital russa.
A Rússia possui uma legislação severa para o controle das manifestações, que costumam culminar com muitas detenções.
As autoridades russas ameaçaram nesta quinta-feira reprimir qualquer manifestação "não autorizada" relacionada à "situação tensa sobre política externa".
%uD83D%uDD34Polícia nas ruas de Moscou, #Rússia esta noite. Um protesto foi convocado contra a decisão de Putin de invadir a Ucrânia. Não é sancionado e a polícia está claramente pronta para usar a força contra os manifestantes %uD83C%uDDF7%uD83C%uDDFA#Ucrania pic.twitter.com/P92TWNdCaV
%u2014 News Guerra (@news_guerra) February 24, 2022
%uD83D%uDD34 [AGORA] Protesto contra a invasão da Ucrânia em São Petersburgo, Rússia:pic.twitter.com/dEh8nqdUgs
%u2014 Mundo News (@Mundo__News) February 24, 2022
Vários ativistas pediram à população nas redes sociais para desafiar essa ordem e tomar as ruas, depois que o presidente russo Vladimir Putin lançou sua ofensiva contra a Ucrânia na madrugada de hoje.
Cerca de 2.000 pessoas se reuniram na praça central Pushkin em Moscou e cerca de 1.000 na antiga capital imperial São Petersburgo, segundo correspondentes da AFP.
Os manifestantes na praça Pushkin gritavam: "Não à guerra!".
LEIA TAMBÉM: O início da invasão da Ucrânia pela Rússia em 12 imagens
"Estou em choque. Meus familiares vivem na Ucrânia", contou Anastasia Nestulya, em Moscou.
"O que posso dizer a eles por telefone? Se vão ficar lá?", acrescentou esta mulher russa de 23 anos que, como muitos, afirma ter medo de protestar.
As mesmas reações foram ouvidas em São Petersburgo.
"Tenho a sensação de que as autoridades ficaram loucas", afirmou Svetlana Volkova, de 27 anos, que considera que poucas pessoas estão dispostas a se manifestarem na Rússia.
"Foram enganados pela propaganda".
Um jovem gritava enquanto era detido: "Contra quem vocês lutam? Prendam Putin".
A invasão russa da Ucrânia ocorre ao mesmo tempo que uma repressão sem precedentes à oposição no país, com muitos de seus líderes mortos, detidos ou forçados ao exílio.
CIDADES UCRANIANAS ATACADAS PELA RÚSSIA
O opositor Alexei Navalny, preso desde janeiro de 2021, disse no tribunal, durante um novo julgamento que começou na semana passada, que rejeita a invasão.
"Esta guerra entre a Rússia e a Ucrânia está sendo travada para encobrir o roubo de cidadãos russos e desviar a atenção dos problemas que existem dentro do país, da deterioração da economia", disse ele, segundo um vídeo publicado pelo canal opositor Dojd.