A gigante aeronáutica europeia Airbus disse, nesta sexta-feira (25), "analisar o impacto das sanções anunciadas durante a noite".
"Vamos cumprir todas as sanções e leis aplicáveis, à medida que entrarem em vigor", declarou a fabricante.
Na véspera (24), o Conselho Europeu anunciou à noite sua decisão de proibir a exportação para a Rússia de aeronaves, peças e equipamentos da indústria aeronáutica e espacial.
Cerca de 340 aviões da Airbus estão atualmente em serviço na Rússia, de acordo com a fabricante, em particular na companhia aérea Aeroflot e nas companhias S7, Rossiya e Ural Airlines. Tem, no entanto, apenas um número limitado de aviões encomendados por empresas russas: 14 jatos jumbo A350 para a Aeroflot.
A Airbus, que vendeu um total de 230 helicópteros para 150 clientes na Rússia, também tem um centro de engenharia onde trabalham 200 funcionários locais e produz, em colaboração com a alemã Liebherr e com um parceiro russo, componentes de trens de pouso e controles de voo.
O fabricante de motores e equipamentos Safran também "aplicará todas as decisões que forem tomadas", disse seu diretor-geral, Olivier Andriès.
A Rússia representa 2% do volume de negócios da Safran, que emprega menos de 600 pessoas neste país. Suas atividades dizem respeito, principalmente, ao fornecimento de motores, trens de pouso e naceles de motores para o avião de transporte regional Sukhoi Superça Jet 100, detalhou Andriès. Segundo ele, são produzidos cerca de 20 exemplares deste aparelho por ano.
A Safran também produz na Rússia, dentro da joint venture Volgaero, componentes de motores para o Boeing 737 e o Airbus A320.
A Thales, presente na aeronáutica civil, identidade digital e espaço, também tem uma atividade marginal na Rússia, que representa menos de 1% de seu volume de negócios, declarou um porta-voz.
Em particular, produz peças do cockpit para o Super Jet 100 e cartões inteligentes.
- Estoques de titânio -
Para o setor aeronáutico, o principal "ponto de atenção" com a Rússia diz respeito ao fornecimento de titânio, segundo Andriès.
O maior produtor mundial, VSMPO-AVisma, fornece sozinho quase metade do titânio, metal leve e resistente utilizado pelo setor para o trem de pouso de aeronaves de longo curso, determinadas peças de motor, ou estruturas de fuselagem.
A Safran diz que aumentou seus estoques de titânio.
"Temos estoques suficientes até o outono, mas vamos acelerar as fontes alternativas de abastecimento", indicou Andriès, especificando que, nesta fase, a "VSMPO não parou de entregar".
"Os riscos geopolíticos estão integrados às nossas políticas de fornecimento de titânio. Portanto, estamos protegidos no prazo", diz a Airbus.
No espaço, a Arianespace tem uma joint venture com a agência russa Roscosmos, a Starsem, para operar o foguete Soyuz. Em 2022, deve lançar oito foguetes Soyuz: três de Kourou, na Guiana Francesa (incluindo o satélite-espião francês CSO-3); e cinco do cosmódromo russo de Baikonur, no Cazaquistão.
Procurada pela AFP, a Arianespace disse que avalia se as sanções europeias terão algum impacto em seus negócios.
Na ausência dos foguetes Soyuz, a Europa não teria capacidade própria para lançar certos satélites antes da implementação do Ariane 6, cujo primeiro voo está previsto para o fim do ano.
O diretor da agência espacial europeia, Joseph Aschbacher, afirmou no Twitter que a ESA "continua a trabalhar em todos os seus programas" com a Roscosmos, seja a Estação Espacial Internacional, seja a missão ExoMars, que deve ser lançada em setembro.
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