Jornal Estado de Minas

TERROR EM KIEV

'Achei que ia morrer', desabafa mineiro que está na Ucrânia

"Tô desesperado! Acabou de explodir uma bomba aqui, tiroteio, barulho de bomba. Meu coração está pulando". É assim que um mineiro relata momento de terror vivenciado em Kiev, capital da Ucrânia, invadida e atacada pela Rússia desda a madrugada (de Brasília) de quinta-feira (24/2).




 
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“Ca*****, eu tô desesperado. Muito tenso. Bora correr rapaziada. Eu achei que ia morrer. Agora a gente vai descer para o bunker para sentir, ao menos, um pouco mais protegido”, relatou durante a madrugada de hoje (25/2) David Suleiman Said Abu-Gharbil, natural de Coqueiral, cidade com 9 mil habitantes no Sul de Minas Gerais.
 
O rapaz tem 30 anos e se mudou para Kiev há três meses para estudar medicina. Antes de chegar à Ucrânia, David morou em São Paulo. Ele é formado em engenhara elétrica, mas pelas condições do Brasil, ele resolveu se aventurar no Leste europeu. O que ele não imaginava era viver momentos de terror como nos últimos dias. 
 
“Veio um clarão que clareou a cidade inteira. A gente não sabe o que está acontecendo na rua. Explodiu um avião. Caiu um avião, que provavelmente foi abatido. Muito perto de nós. Em um bairro ao lado. O céu ficou de dia”, afirmou. 




 
 

O brasileiro mora sozinho, mas está acompanhado de amigos, pois segundo ele, o medo toma conta de tudo. “Que noite tensa, que passamos aqui. Sabe o que é ficar a madrugada inteira de olho, revezando para prever? Quando resolvemos descansar, caiu uma bomba bem perto da gente, cerca de 2 km. Na hora, pensamos que ia morrer".
 

 

Mais tranquilo

 
No início da tarde de hoje aqui do Brasil, David recorreu novamente às redes sociais para tranquilizar quem o acompanha. "Estamos no hotel. Presidente do Shakhtar (Donetsk, time de futebol que abriga vários brasileiros) fez o convite para ficarmos aqui. Estamos mais protegidos, com mais brasileiros", relatou.
 
Apesar de estar em um ambiente mais confortável, a tensão continua. "Hoje, provavelmente, na parte da noite terá um ataque mais forte. Porém surgiu um discurso que o presidente da Rússia vai se encontrar em Minsk para tentar uma reunião para ver se essa guerra acabe ou não", afirma o engenheiro. 
 
 
 
O brasileiro contou ainda que está em contato com o Itamaraty, mas acredita que seja muito difícil sair da Ucrânia porque as fronteiras estão muito longe de Kiev. “Muito difícil, são mais de 800 km até a Polônia. O jeito é esperar que tudo se acalme e o pior não aconteça”. 
 
"Tudo vai passar", finaliza, com otimismo.