A mulher, que está grávida de oito meses, ficou apavorada com as explosões e as rajadas de tiros de uma instalação militar próxima, temendo que a violência a levasse a dar à luz antes do tempo.
"Estou tentando ficar mais calma o possível para não ter um parto prematuro", disse a mulher à AFP no sábado (26) em um abrigo que remonta à era soviética.
A grávida contou que durante mais de uma hora foram registradas grandes explosões.
Ao lado dela, um grupo de famílias se acomodou em camas de papelão e equipamentos de camping.
Acima do abrigo, nas ruas, o sol brilhava e apenas um punhado de civis ousava ficar na fila para receber alimentos de emergência.
Em poucos dias, Kiev se transformou em uma zona de guerra. Nesta cidade de três milhões de habitantes, tanques vagam pelas ruas, preparando-se para um ataque total das forças russas que tentam tomar a cidade.
Na Avenida Vitória, os destroços carbonizados de um caminhão militar ucraniano ainda estavam em chamas e soldados tentavam limpar os escombros.
Vários militares afirmaram que as forças russas - que estão a poucos quilômetros de distância - estão disparando foguetes indiscriminadamente com seu temido sistema Grad. O som das explosões ecoava longe.
As autoridades da cidade culpam "grupos russos de sabotagem" pelos ataques a Kiev durante a noite e dizem que as tropas de Moscou ainda estão lutando para entrar.
Mas os mísseis atingiram vários pontos da capital. Um foguete abriu um enorme buraco em vários andares de um prédio residencial perto do centro, espalhando detritos nas ruas ao redor.
Irina Butiak, uma professora de 38 anos, passou dois dias no porão de seu prédio se refugiando com outras 20 pessoas.
"Temos passagens de trem para ir para o oeste da Ucrânia amanhã. Mas acho que não podemos pegar esse trem", disse ela à AFP.
Os ônibus não circulam mais e o metrô de Kiev virou um gigantesco abrigo antibombas.
"Vamos ficar sentados aqui até podermos ir à estação de trem", afirmou a mulher.