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Estado de Minas ORLANDO

A esquerda 'woke', o novo alvo dos conservadores nos EUA


27/02/2022 16:41

A palavra "woke" descreveu por décadas afro-americanos conscientes sobre os preconceitos raciais. Seu significado foi posteriormente estendido para definir movimentos sociais como o feminismo. E nos últimos meses, tem sido para os conservadores americanos sinônimo de todos os males causados pela esquerda.



O assunto esteve em quase todos os discursos proferidos durante o congresso anual de conservadores realizado esta semana em Orlando, na Flórida, incluindo o do ex-presidente Donald Trump, que foi ovacionado neste sábado (27) ao falar sobre o tema.


Para os eleitores republicanos, o termo - passado do verbo "despertar" em inglês - agrupa uma série de medidas progressistas que eles abominam. Políticas como a discriminação positiva e tendências como a cultura do cancelamento.

De acordo com o estrategista democrata Ed Kilgore, os conservadores veem o "woke" como "uma ideologia generalizada de política identitária extrema em favor de minorias e mulheres, que é opressiva em relação às visões culturais tradicionais".

O analista político Richard Hanania o define a partir de uma postura mais próxima do sentimento conservador.

"A cultura 'woke' é uma tendência a atribuir as desigualdades a discriminações", diz ele. "De acordo com isso, se um grupo social ganha mais dinheiro que outro é por discriminação, é algo causado pela sociedade."

- Uma arma política -

Seja qual for a definição escolhida, é provável que essa questão permaneça na agenda conservadora nos próximos meses, pelo menos até as eleições de meio de mandato em novembro, quando os republicanos pretendem recuperar o controle das duas câmaras do Congresso.


A guerra contra a esquerda "woke" mobiliza a base republicana por meio de uma mensagem muito clara, algo especialmente importante em eleições onde a participação costuma ser muito inferior à das presidenciais, explica Kilgore.

"Os conservadores americanos estão um pouco confusos em termos de segurança nacional e política econômica, sobretudo depois de Trump", explica o cientista político. "O que eles têm, aquilo no que estão unidos, são as questões culturais."

Os membros do partido também contam com um exemplo recente de sucesso em atacar a esquerda nesses temas culturais.

Em novembro, Glenn Youngkin derrotou o favorito democrata Terry McAuliffe na disputa pelo governo da Virgínia. Essa conquista foi alcançada em parte com sua promessa de vetar o ensino da teoria crítica da raça, que se propõe a estudar o passado escravocrata e de segregação do país como a origem do racismo atual.

Para o estrategista republicano Brett Foster, os conservadores "estão frustrados porque parece que a esquerda quer semear a discórdia sobre critérios raciais, embora os Estados Unidos já tenham deixado isso para trás".


Hanania acredita, por sua vez, que essas questões não deixam apenas os conservadores indignados. "Se você fizer pesquisas honestas sobre coisas como ações afirmativas, elas quase sempre perdem", afirma ele.

Diante do possível risco político que isso representa para os democratas, alguns, como o estrategista do partido James Carville, pediram à ala mais à esquerda do partido que abandonasse sua agenda "woke".


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