A ação do número 2 mundial das telecomunicações caía mais de 11% esta manhã no pregão de Estocolmo.
O assunto ganhou destaque no mês passado, antes da publicação de uma ampla investigação jornalística do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), divulgada no domingo.
Isso obrigou a Ericsson a publicar as conclusões de uma investigação interna, identificando atos que poderiam ser classificados como corrupção ao longo de muitos anos nas atividades do grupo no Iraque.
Inclui suspeitas sobre possíveis pagamentos de subornos para circular por estradas em áreas sob controle do EI, que poderiam ter acabado nos bolsos do grupo terrorista.
No período 2011-2019, os seus próprios auditores identificaram "graves violações das regras legais e de ética empresarial do grupo", reconheceu a Ericsson em meados de fevereiro, antecipando a publicação da investigação do ICIJ, dada a conhecer no domingo por 30 meios de comunicação que o compõem.
Vários colaboradores foram demitidos pelo grupo após essa auditoria interna, que até agora não foi divulgada.
Embora, segundo a Ericsson, a investigação não concluiu que seus funcionários estiveram "diretamente envolvido no financiamento de organizações terroristas".
Essas revelações colocam o 'carro-chefe' sueco em dificuldades muito particulares, uma vez que já teve problemas com o sistema de justiça americano e sua temível 'jurisdição universal' em vários casos.
- Acordo transacional -
Em dezembro de 2019, a Ericsson pagou um bilhão de dólares à justiça americana para encerrar processos de corrupção em cinco outros países (Egito, China, Vietnã, Indonésia e Kuwait), no âmbito de um acordo de conciliação.
No mês passado, o grupo havia especificado que já havia transmitido sua investigação interna sobre o Iraque ao sistema de justiça dos EUA no mesmo contexto.
Mas o Departamento de Justiça americano (DoJ) alertou a Ericsson na terça-feira que considera as informações fornecidas "insuficientes". Por outro lado, argumenta que a companhia "violou o acordo transacional" por não ter demonstrado transparência desde sua conclusão, há dois anos.
A Ericsson, que mantém "comunicação com o DoJ", acredita que "neste momento é prematuro prever o veredicto neste caso".
Em uma teleconferência de emergência, o CEO do grupo, que tem cerca de 100.000 funcionários, se recusou a avaliar qual poderia ser o risco financeiro para a empresa. "Levamos tudo isso muito a sério", disse Börje Ekholm, citando os esforços do grupo para combater qualquer forma de corrupção.
Desde os primeiros comunicados da Ericsson sobre este caso, as ações do grupo perderam mais de um terço de seu valor.
Depois de ter perdido velocidade em meados da década de 2010, principalmente devido ao grande avanço da chinesa Huawei, que roubou a posição de número 1 mundial do setor, a Ericsson lançou em 2017 um extenso plano que lhe permitiu recuperar terreno.
Atualmente, o grupo está em uma feroz batalha global com a Huawei e a empresa finlandesa Nokia para implementar redes 5G em todo o mundo, no contexto de tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China sobre esse setor.
É um dos raros domínios tecnológicos em que não há peso pesado americano, após a compra da Lucent pela Alcatel, por sua vez engolida pela Nokia no final de 2016.
ERICSSON