Em portaria conjunta entre o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Justiça publicada nesta quinta-feira (3), o governo informou que irá conceder "visto temporário e autorização de residência para fins de acolhida humanitária aos nacionais ucranianos e aos apátridas que tenham sido afetados ou deslocados pela situação de conflito armado na Ucrânia".
Bolsonaro anunciou a medida na segunda-feira, mas nesta quinta-feira ela se tornou oficial.
"Vamos abrir a possibilidade de ucranianos virem ao Brasil por meio do visto humanitário, que é a forma mais fácil de vir", declarou o presidente em entrevista à rádio Jovem Pan. "Estamos dispostos a receber os ucranianos", completou.
O visto humanitário será "válido por 180 dias" e a autorização de residência é de dois anos e também poderá ser solicitada por ucranianos que já estejam no Brasil "independentemente da situação imigratória" com que tenham entrado no país, segundo o texto..
Bolsonaro evitou criticar a Rússia pela invasão da Ucrânia, que a agência de refugiados da ONU, Acnur, diz ter causado a fuga de mais de um milhão de pessoas desde a última quinta-feira, quando os ataques começaram. Mais da metade dos refugiados cruzou a fronteira com a Polônia.
Bolsonaro, que uma semana antes da invasão russa se encontrou com o presidente russo, Vladimir Putin, em um visita a Moscou criticada pelos Estados Unidos, insiste que o Brasil "se mantém na neutralidade" e lembra que o setor agrícola brasileiro "depende muito" dos fertilizantes produzidos na Rússia.
"A guerra não vai produzir efeitos benéficos para os dois países nem para o mundo", lamentou Bolsonaro nesta quinta-feira em sua transmissão semanal pelo Facebook.
O Brasil apoiou uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, vetada pela Rússia, que "deplora fortemente a agressão da Rússia contra a Ucrânia".
No entanto, o Brasil não assinou uma declaração dos países da OEA em que "condenam veementemente a invasão ilegal, injustificada e não provocada da Ucrânia pela Federação Russa".
Em sua entrevista de rádio na noite de segunda-feira, Bolsonaro disse que "por enquanto não tem nada para conversar" com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
No domingo, o presidente brasileiro provocou um mal-estar com os representantes da Ucrânia no Brasil, onde há uma colônia de 600 mil ucranianos, ao dizer que o povo ucraniano "confia a um comediante o destino de uma nação", em referência a Zelensky.
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