Em mais uma tentativa de trégua humanitária para retirada de civis, a invasão da Rússia à Ucrânia chega ao 14° dia nesta quarta-feira (9/3). Ontem, o número de pessoas fugindo do conflito superou a barreira de dois milhões, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi. A Polônia recebeu mais da metade deles.
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ONU: funcionários da usina de Chernobyl trabalham há 13 dias sem pausasPessoas do mundo todo fazem reservas em Airbnb's na Ucrânia; saiba o porquêBiden: Ucrânia 'nunca será uma vitória para Putin'Ataque russo deixa 10 mortos na cidade ucraniana de Severodonestk"É possível que, caso a guerra continue... comecemos a observar pessoas sem recursos ou vínculos e isto será um problema mais difícil de administrar para os países europeus", destacou.
As guerras dos Bálcãs, na Bósnia e em Kosovo, também provocaram um enorme fluxo de refugiados, "entre dois e três milhões, mas em um período de oito anos. Agora estamos falando de oito dias", disse Grandi.
"Em outras regiões do mundo, sim, observamos este cenário, mas na Europa é a primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou.
Nova trégua humanitária
O exército russo anunciou uma nova trégua humanitária para a evacuação de civis na Ucrânia, a partir das 10h, hora de Moscou (04H00 de Brasília), desta na quarta-feira.
"A Rússia anuncia um regime de cessar-fogo a partir de 9 de março, às 10h, hora de Moscou, e está pronta para criar corredores humanitários", informou a célula no comando destes temas no governo russo, citada pela agência de notícias TASS.
Os primeiros corredores de evacuação de civis foram instalados na manhã de terça-feira, em Soumy, no nordeste do país. As evacuações continuavam também na região de Kiev, capital ucraniana. Já nas cidades de Boutcha no norte e Mariupol no sul, os civis continuavam bloqueados.
Explosão de mina terrestre deixa mortos e feridos em Kiev
Três adultos morreram e três crianças ficaram feridas na explosão de uma mina terrestre em uma estrada na região de Chernihiv, ao norte de Kiev.
Os civis estavam em um carro. Os adultos morreram na hora e as crianças foram hospitalizadas. Testemunhas contaram que as minas estavam escondidas na calçada sob palha e escombros.
Chernihiv fica a 150 quilômetros de Kiev, perto da fronteira com Belarus, país aliado da Rússia. A cidade foi duramente castigada nos últimos dias pela aviação russa, segundo as autoridades locais.
'Lutaremos até o fim'
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, prometeu "lutar até o fim" em discurso virtual ao Parlamento britânico, no qual fez referência ao histórico discurso do primeiro-ministro Winston Churchill na Segunda Guerra Mundial em 1940.
"Não nos renderemos e não perderemos. Lutaremos até o fim, no mar, no ar. Continuaremos lutando por nossa terra, custe o que custar, nas florestas, nos campos, nas costas, nas ruas", disse Zelensky, que foi aplaudido de pé pelos legisladores reunidos na Câmara dos Comuns em Londres.
Boicote ao petróleo russo
O presidente americano, Joe Biden, anunciou a proibição de importação de petróleo, gás e carvão russos pelos Estados Unidos. "Não vamos ajudar a subsidiar a guerra de Putin", disse.
O Reino Unido deve acompanhar os Estados Unidos no boicote, reduzindo suas importações de petróleo gradualmente até o fim de 2022, segundo o secretário de Negócios britânico Kwasi Kwarteng. Já a União Europeia anunciou um plano de longo prazo para reduzir sua dependência dos combustíveis fósseis russos, com a expectativa de chegar à independência total até 2030.
Já a Rússia ameaçou suspender o fornecimento de gás natural à Europa por meio do gasoduto Nord Stream 1. O vice-primeiro-ministro russo, Alexander Novak, alertou que o movimento poderia ter "consequências catastróficas" para a economia mundial e previu que o preço do barril poderia chegar a US$ 300.
Segundo analistas, o anúncio de Biden traz volatilidade aos preços internacionais e o barril de petróleo pode atingir US$ 150 nos próximos dias.
‘A Ucrânia nunca será uma vitória para Putin’
Joe Biden disse que a Rússia nunca poderá controlar toda a Ucrânia e prometeu que a guerra "nunca será uma vitória" para o presidente Vladimir Putin.
O presidente americano atacou Putin apontando que a guerra está custando um preço "horrível" e já gerou dois milhões de refugiados.
"A Rússia pode seguir avançando a um custo horrível, mas isso já está claro: a Ucrânia nunca será uma vitória para Putin", declarou o presidente americano. "Putin pode conseguir tomar uma cidade, mas jamais conseguirá controlar o país."
*Estagiária sob supervisão do subedior Eduardo Oliveira