Jornal Estado de Minas

CARACAS

Oposição pede para condicionar possível acordo energético EUA-Venezuela à 'transição' democrática

A oposição venezuelana pediu nesta quarta-feira (9) para condicionar qualquer acordo energético com o governo de Nicolás Maduro a "progressos reais na transição para a democracia", depois que uma delegação do governo dos Estados Unidos se reuniu com o presidente chavista para abordar esta questão, sensível após a invasão russa à Ucrânia.



"Qualquer suspensão das sanções deve estar condicionada a um progresso real em direção à transição para a democracia e a liberdade na Venezuela", escreveu em um comunicado o gabinete de Juan Guaidó, líder da oposição que Washington reconhece como presidente interino depois de não reconhecer a reeleição de Maduro em 2018.

Uma delegação do governo do presidente Joe Biden visitou Caracas no fim de semana e se encontrou com Maduro. A questão energética se destacou na pauta desta reunião, que ocorreu pouco antes de Biden proibir a importação de petróleo e gás russos como uma condenação à invasão da Ucrânia.

Mas a Venezuela também sofre um embargo de petróleo dos Estados Unidos desde 2019, parte de uma série de sanções para tirar o poder de Maduro, que dependia da Rússia, um importante aliado, para continuar exportando petróleo.

A oposição insistiu que "só uma Venezuela com garantias democráticas, institucionais e transparentes pode ser um fornecedor de energia confiável e eficiente para o mundo".



"Caso contrário", continuou, "não apenas a corrupção, a ineficiência e o estado atual de nossa indústria petrolífera a inviabilizariam, mas também estaria financiando e fortalecendo uma ditadura acusada de crimes contra a humanidade".

As sanções também servem como fichas de negociação para a oposição no processo de diálogo no México, suspenso desde outubro, mas que Maduro, após o encontro com os americanos, disse querer reativar.

A oposição estava disposta a voltar à mesa "o mais rápido possível para conseguir eleições presidenciais e parlamentares livres", sua principal reivindicação. O chavismo pede o fim de todas as sanções.

A delegação de Biden também se reuniu com Guaidó, que vê os Estados Unidos como seu principal aliado.

Na reunião, segundo o comunicado, a oposição insistiu que "a suspensão de de qualquer medida de pressão, se não visar a democratização, só fortaleceria o autoritarismo que hoje ameaça o mundo".

A oposição também saudou a libertação de dois americanos, também fruto do encontro com Maduro, e insistiu em medidas semelhantes para os demais presos por motivos políticos.

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