Dnipro, cidade industrial às margens do rio Dnieper, que separa o leste do país - pró-russo - do restante do território ucraniano, foi alvo de bombardeios que causaram pelo menos uma morte, segundo autoridades locais.
"Houve três ataques aéreos na cidade, atingindo uma creche, um conjunto residencial e uma fábrica de sapatos de dois andares, onde um incêndio foi declarado. Uma pessoa morreu", informaram os serviços de emergência em Dnipro.
O Ministério russo da Defesa informou, por sua vez, que "os aeródromos militares de Lutsk e Ivano-Franovsk (oeste) estavam fora de serviço". Quatro soldados ucranianos foram mortos e seis ficaram feridos no bombardeio do aeroporto militar de Lutsk, segundo as autoridades locais.
A guerra já obrigou mais de 2,5 milhões de pessoas a deixarem a Ucrânia, e outros dois milhões, a se deslocarem para outras partes do país, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).
Nesta sexta-feira (11), o presidente russo, Vladimir Putin, deu seu aval para a participação na invasão de combatentes "voluntários", juntamente com os cerca de 150.000 soldados já destacados no terreno, em resposta aos "mercenários" enviados pelos países ocidentais.
A ideia partiu do Ministério da Defesa e, segundo o Kremlin, trataria-se, sobretudo, de cidadãos do Oriente Médio, particularmente sírios, que teriam manifestado o desejo de ir para o "front" lutar ao lado da Rússia.
- "Fortaleza" Kiev -
Mais cedo, o Exército ucraniano alertou, em um relatório, que "o inimigo está tentando eliminar as defesas das forças ucranianas" em vários locais a oeste e norte de Kiev, com o objetivo de "bloquear a capital".
O Exército não excluiu "um movimento inimigo para o leste, na direção de Brovary", às portas de Kiev.
O prefeito da capital, o famoso ex-boxeador Vitali Klitschko, disse que metade da população foi embora e que a cidade, antes com quase 3 milhões de habitantes, "transformou-se em uma fortaleza".
"Todas as ruas, todos os prédios, todos os postos de controle foram fortificados", descreveu.
Desde o início da ofensiva russa, em 24 de fevereiro, as forças invasoras cercaram pelo menos quatro grandes cidades ucranianas e enviaram veículos armados para o flanco nordeste de Kiev, onde subúrbios como Irpin e Busha são bombardeados há dias.
Os soldados ucranianos descreveram intensos combates para controlar a principal rodovia que leva à capital.
O Ministério britânico da Defesa informou que esta estratégia de cercar as cidades "reduzirá o número de forças disponíveis para avançar e retardará o progresso russo".
- "Ataque brutal" -
Bombardeios noturnos também atingiram as cidades de Chernihiv (norte), Sumy (nordeste) e Kharkiv (leste), fortemente afetadas pela ofensiva russa. Os ataques causaram danos a edifícios residenciais e a infraestruturas de abastecimento de água e de eletricidade.
Perto de Oskil, na região de Kharkiv, uma instalação para pessoas com deficiência foi alvo dos bombardeios russos, disse uma autoridade local nesta sexta-feira.
"Os russos cometeram, novamente, um ataque brutal contra civis", lamentou Oleh Sinegubov no aplicativo Telegram, acrescentando que nenhuma vítima foi registrada. No momento do ataque, havia 330 pessoas no centro, 73 das quais puderam ser retiradas.
Este ataque ocorreu dois dias após o bombardeio contra um hospital infantil em Mariupol (sul), que deixou três mortos, incluindo uma menina. Nesta cidade, às margens do Mar de Azov, a situação é descrita como "apocalíptica".
Segundo seu prefeito, Vadim Boishenko, mais de 1.200 moradores morreram em Mariupol após dez dias de cerco.
O representante local do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Sasha Volkov, alertou que alguns moradores "começaram a brigar por comida" e que muitos estão sem água potável.
Além disso, as Nações Unidas informaram que outros dois hospitais pediátricos foram atacados e destruídos, além do de Mariupol.
Segundo a responsável pelos direitos humanos do Parlamento ucraniano, Liudmyla Denisova, 71 crianças morreram nesta guerra, e mais de 100 ficaram feridas.
Embora com desavenças e recriminações de descumprimento, ambos os lados concordaram em instalar corredores humanitários que permitiram a retirada, nos últimos dois dias, de cerca de 100.000 civis de Sumy (nordeste), Izium (leste) e dos arredores de Kiev.
- Otan "não quer uma guerra aberta" -
Vladimir Putin pediu nesta sexta a seu ministro da Defesa, Serguei Shoigu, que propusesse destacamentos militares na fronteira ocidental da Rússia, em resposta aos realizados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Leste Europeu.
Em entrevista à AFP, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, enfatizou, porém, que a Aliança tem "a responsabilidade de impedir que esse conflito se alastre para além das fronteiras da Ucrânia e se transforme em uma guerra aberta entre a Rússia e a Otan".
Os Estados Unidos e seus aliados europeus contemplam a imposição de sanções adicionais à Rússia.
Até agora, os países ocidentais ofereceram apoio militar e humanitário à Ucrânia e estão considerando aumentar as sanções contra Moscou.
Também nesta sexta, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, disse que propôs aos líderes do bloco, reunidos em uma cúpula na França, que se aprove uma contribuição adicional de 500 milhões de euros (US$ 548 milhões) em ajuda militar para a Ucrânia.
E, na quinta-feira (10), o Congresso americano aprovou um novo orçamento que inclui US$ 14 bilhões para a Ucrânia em apoio econômico e financeiro, mas também armas e munições.
Após as primeiras negociações de alto nível entre os dois lados desde o início do conflito, realizada na quinta-feira na Turquia, o governo russo prometeu a abertura diária de corredores humanitários para os ucranianos fugirem dos combates para a Rússia.
A Ucrânia se recusa a retirada de seus cidadãos para a Rússia e reivindica corredores humanitários dentro de suas fronteiras.
Nesta sexta-feira, o Conselho de Segurança da ONU terá uma reunião urgente sobre esta questão, a pedido da Rússia.