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Estado de Minas SANTIAGO

Boric, o presidente mais jovem do Chile que promete guinada feminista, ecológica e moderada


11/03/2022 09:58

O esquerdista Gabriel Boric é, aos 36 anos, o presidente mais jovem do Chile e chega ao poder com uma retórica feminista, ecologista, de códigos moderados, em um país que busca um novo pacto social.

Leitor ávido, fã de poesia no país de Gabriela Mistral e Pablo Neruda, não hesita em defender a estrela pop mundial Taylor Swift em suas redes sociais, ou falar do futuro do planeta e da justiça social com o ex-presidente uruguaio José "Pepe" Mujica.

"Se o Chile foi o berço do neoliberalismo na América Latina, também será sua tumba", disse ele em julho quando proclamado candidato presidencial. Desde então, seu discurso foi atenuado.

"Não temos um modelo único" a seguir, declarou à AFP antes do primeiro turno presidencial em novembro. Suas referências de bem-estar social passam pelos países escandinavos, Uruguai ou Nova Zelândia.

Boric se distanciou dos líderes da esquerda latino-americana e dos governos bolivarianos.

"A Venezuela é uma experiência que fracassou e a principal manifestação são os seis milhões de venezuelanos na diáspora", comentou em janeiro.

Também repudiou a invasão russa da Ucrânia e a repressão de opositores na Nicarágua.

Agora, Boric, para quem "o país dá o melhor de si quando estamos unidos", vai liderar uma nação que redige sua nova Constituição em uma Convenção Constituinte, criada após os protestos sociais de outubro de 2019.

Também terá que lidar com a crise econômica derivada das restrições sanitárias de combate à pandemia do coronavírus.

- Sem medo de mudar -

Embora diga que "tem muito a aprender", Boric garante que quer aproveitar a "experiência" de ex-presidentes que criticou quando era líder estudantil e deputado, entre eles os socialistas Ricardo Lagos (2000-2006 ) e Michelle Bachelet (2006-2010; 2014-2018). Ambos o apoiaram fortemente nas últimas semanas de campanha.

Boric não tem medo de mudar de direção. Durante os quase sete meses de campanha, ele foi de um discurso de menino rebelde que liderou os protestos estudantis de 2011 exigindo "educação pública, gratuita e de qualidade" para o de um social-democrata.

"Diria que sua honestidade e transparência, sua abertura ao diálogo, são duas das maiores virtudes de Gabriel, e isso em um próximo presidente do Chile é crucial", ressaltou seu irmão Simón Boric, um jornalista de 33 anos, em declarações à AFP.

Sua transformação política anda de mãos dadas com uma mudança de aparência.

Pouco resta do jovem barbudo e despenteado que chefiou a Federação dos Estudantes da Universidade do Chile (FECH) e que em 2014, aos 27 anos, assumiu seu primeiro mandato como deputado. Hoje ele usa paletó e camisa, cabelo mais curto, barba bem cuidada e óculos.

- Garantir direitos -

Boric nasceu na cidade austral Punta Arenas em uma família de classe média de bisavós croatas e catalães. Ele é o mais velho de três irmãos e se mudou para Santiago para estudar Direito na Universidade do Chile, mas ainda não se formou.

Na campanha eleitoral, pediu que "a esperança vença o medo" diante das críticas que o classificam como "extremista" por sua aliança com os comunistas.

Leitor ávido, diz que poesia e história o relaxam. Solteiro e sem filhos, tem um relacionamento de quase três anos com a cientista política Irina Karamanos.

Seus detratores o reprovam por sua falta de experiência para liderar um governo e por suas posições mais extremas do passado, pelas quais ele se desculpou ou declarou que foram um erro.

"Nossa geração irrompeu na política em 2011, livrando-se um pouco dos medos que a ditadura havia gerado e dos pactos da transição", disse ele em entrevista à AFP antes do primeiro turno.

Sua fala se referia à Concertación, coalizão de centro-esquerda que, desde 1990, governou boa parte dos 31 anos de democracia, e hoje jaz desintegrada, desprestigiada como reflexo da crise de confiança institucional, mas que no segundo turno o apoiou.

Boric afirmou que, como presidente, quer "garantir um Estado de bem-estar social para que todos tenham os mesmos direitos, não importa quanto dinheiro tenham na carteira".


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