A guerra entre Rússia e Ucrânia e o temor de se verem envolvidos no conflito estão levando os líderes europeus a se rearmarem para que o bloco tenha mais autonomia de defesa e reduza sua dependência de proteção da OTAN.
Leia Mais
Zelensky insiste que União Europeia precisa 'fazer mais' pela UcrâniaBombardeio russo atinge centro para pessoas com deficiência na UcrâniaUE propõe duplicar seu aporte em ajuda militar a UcrâniaLeia também: Invasão russa à Ucrânia completa 3 semanas sem acordo entre chanceleres
Esses mísseis balísticos de curto alcance têm, em princípio, capacidade de serem equipados com ogivas nucleares.
Após uma discussão difícil que durou várias horas, os líderes europeus aprovaram uma declaração conjunta, ontem à noite, por meio da qual se comprometeram a "aumentar substancialmente seus gastos com defesa".
O objetivo com este passo é "aumentar capacidade de agir de maneira autônoma" e "garantir a assistência mútua" no bloco.
Os líderes discutiram extensamente sobre o apoio político e material a ser dado à Ucrânia, mas sem se sentirem como participantes do conflito.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, propôs aos líderes europeus que liberem uma nova contribuição de 500 milhões de euros, para atingir o total de 1 bilhão de euros, de modo a financiar a compra de armas solicitadas pela Ucrânia.
Os fundos sairão do Fundo Europeu para a Paz, que dispõe de cerca de 5 bilhões de euros. Foi criado e complementado pelos Estados-Membros, à margem do orçamento comunitário. Os ministros das Relações Exteriores e da Defesa de cada país são responsáveis pelo cumprimento desses compromissos.
Os líderes europeus devem retomar esta discussão na cúpula marcada para 24 e 25 de março, em Bruxelas. Além disso, o presidente francês anunciou uma cúpula excepcional de Defesa em maio.
A guerra na Ucrânia foi um duro golpe para os europeus, que os levou a encarar a realidade. Subitamente, deram-se conta do estado lamentável das Forças Armadas na Alemanha e de sua dependência militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e dos Estados Unidos. Decidiram, então, acelerar seus investimentos.
Alemanha, Bélgica e Dinamarca, por exemplo, já anunciaram aumentos substanciais em seus gastos com defesa.
Evitar a Terceira Guerra Mundial
"A OTAN é o lado operacional da nossa segurança, mas é um (bicicleta) tandem. Avança melhor quando pedalamos juntos. No lado europeu, porém, não estamos pressionando o suficiente", reconheceu o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, em uma entrevista antes da cúpula.
Suécia e Finlândia, dois dos seis países da UE que não participam da OTAN, não escondem mais sua preocupação com as consequências do conflito desencadeado pela Rússia.
Nesse cenário, os líderes desses países pediram garantias em relação à cláusula de solidariedade de defesa comum que consta do Tratado de Lisboa, assinado pela UE em 2009.
Os europeus querem ajudar a Ucrânia, mas também querem evitar a ampliação do conflito.
"Aqueles que estão armando a Ucrânia, é claro, devem entender que assumirão a responsabilidade por suas ações", alertou o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, na quinta-feira.
"Estamos fazendo muitas coisas. Mas, é claro, também queremos garantir que a situação não se agrave, que não acabemos em uma Terceira Guerra Mundial", declarou a primeira-ministra finlandesa, Sanna Marin, nesta sexta-feira (11).
"Não somos parte do conflito, mas ele está na próxima esquina", lembrou De Croo.