A Suprema Corte britânica rejeitou nesta segunda-feira (14) um recurso do fundador do Wikileaks, Julian Assange, contra sua extradição para os Estados Unidos, onde ele seria julgado por um vazamento maciço de documentos.
Uma porta-voz da Corte informou que o tribunal "se recusou a dar a permissão para apelar", já que a solicitação não apresentou "nenhum ponto de direito (passível de ser) discutível".
A porta-voz acrescentou ainda que "as partes foram informadas esta tarde". O caso ficará agora nas mãos da ministra do Interior, Priti Patel, segundo informações do Wikileaks publicadas no Twitter.
Acusação
O australiano, de 50 anos, é processado pela justiça americana por difundir, desde 2010, mais de 700.000 documentos sigilosos sobre as atividades militares e diplomáticas americanas, particularmente no Iraque e no Afeganistão.
Entre estes documentos estava um vídeo mostrando civis, inclusive dois jornalistas da agência de notícias Reuters, mortos por disparos de um helicóptero de combate americano no Iraque em julho de 2007.
Assange também é processado em virtude de uma lei contra a espionagem e pode ser condenado a 175 anos de prisão, em um caso denunciado como um ataque à liberdade de imprensa por seus apoiadores.
Em janeiro de 2021, a justiça britânica decidiu a favor do fundador do Wikileaks. Invocando o risco de suicídio de Julian Assange, a juíza Vanessa Baraitser rejeitou autorizar a extradição.
Entretanto, os Estados Unidos conseguiram uma vitória importante em dezembro, quando a Alta Corte anulou esta decisão, ao considerar que este país lhe deu garantias em relação às preocupações da juíza.
Julian Assange obteve, em 24 de janeiro, a autorização de apelar contra a decisão da Alta Corte. A defesa do fundador do Wikileaks disse que o caso voltaria agora à primeira instância.
No entanto, continua sendo possível uma apelação sobre os fundamentos jurídicos que ainda não foram examinados, destacou o escritório Birnberg Peirce. "Este procedimento da apelação em separado deve, obviamente, ser novamente empreendido", informou o escritório.
Presídio
Detido em um presídio de alta segurança perto de Londres há três anos, Julian Assange tinha sido detido pela polícia britânica em 2019, após ter passado sete anos na embaixada do Equador em Londres, onde se refugiou enquanto estava em liberdade condicional.
Na época, ele temia ser extraditado para os Estados Unidos ou a Suécia, onde havia processos abertos contra ele por estupro, que acabaram sendo arquivados.
Na audiência de apelação, no fim de outubro, o governo americano tentou dar garantias sobre o tratamento que lhe seria reservado.
Afirmou que não seria preso no presídio de segurança máxima ADX de Florence (Colorado), donde estão detidos em isolamento quase total membros da Al Qaeda.
Também disseram que teria atendimento médico e psicológico necessário. Os americanos também mencionaram a possibilidade de que ele pudesse pedir para cumprir a sentença na Austrália.
Estas garantias convenceram os juízes britânicos, mas não as pessoas próximas a Assange, que temem por sua saúde física e mental.
Casamento
Sua companheira, Stella Moris, uma advogada sul-africana, anunciou no domingo que o casal recebeu autorização para se casar na prisão em 23 de março.