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Estado de Minas KIEV

Biden chama Putin de 'criminoso de guerra' por bombardear civis na Ucrânia


16/03/2022 22:22

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chamou nesta quarta-feira (16) de "criminoso de guerra" seu par russo, Vladimir Putin, e anunciou o envio de uma grande ajuda militar à Ucrânia, onde civis foram atingidos em ataques a padarias, mercados e teatros.

"Acho que Putin é um criminoso de guerra", respondeu Biden a uma jornalista na Casa Branca. Sua secretária de imprensa, Jen Psaki, esclareceu em seguida que Biden "falava com o coração", depois de ver imagens de "ações bárbaras de um ditador brutal durante sua invasão de um país estrangeiro".

A resposta russa não demorou. "Consideramos inaceitável e imperdoável tal retórica do chefe de Estado cujas bombas mataram centenas de milhares de pessoas em todo o mundo", disse o porta-voz presidencial russo, Dmitri Peskov.

Biden havia anunciado pouco antes um aumento para US$ 1 bilhão no valor da ajuda prometida à Ucrânia. Anteriormente, os EUA haviam prometido US$ 200 milhões para que o governo ucraniano lidasse com a invasão.

"Ajudamos a Ucrânia a adquirir sistemas de defesa antiaérea adicionais e de maior alcance", explicou Biden, especificando que a ajuda, solicitada pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, incluirá drones.

- Comprando pão -

Os registros de bombardeios contra alvos civis ucranianos se multiplicam, no momento em que a invasão entra em sua terceira semana e as tropas russas tentam completar o cerco de Kiev, a capital do país.

Dez pessoas que faziam fila para comprar pão em Chernigov, no norte, morreram pela manhã, quando soldados russos atiraram de maneira "premeditada", segundo a Promotoria ucraniana.

À noite, as autoridades informaram ter encontrado cinco cadáveres, entre eles de três crianças, sob os escombros de um bombardeio na mesma cidade.

Em Kharkov, no noroeste, três pessoas morreram e cinco ficaram feridas em um incêndio de um mercado, provocado pelos bombardeios, informaram os serviços de resgate.

À tarde, disparos de foguetes Grad contra um comboio de civis que fugiam da sitiada cidade portuária de Mariupol, causaram um número indeterminado de mortes e feridos, segundo o exército ucraniano.

Nesta mesma cidade, que sofre com uma dramática escassez de alimentos, água e medicamentos, um teatro onde havia "centenas de civis" foi atingido por um bombardeio russo, anunciou a prefeitura.

Em Kiev, os habitantes devem respeitar um toque de recolher até esta quinta-feira de manhã. Segundo as autoridades municipais, a capital vive um "momento perigoso".

- Ovação no Congresso -

Em um discurso virtual no Congresso dos EUA, onde foi aplaudido de pé, o presidente Zelensky pediu novamente aos Estados Unidos e seus aliados da Otan a implementação de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia para protegê-la dos ataques russos.

"Eu preciso de sua decisão, sua ajuda." "É pedir muito, criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, para salvar as pessoas?", perguntou Zelensky, citando o famoso discurso de Martin Luther-King "Eu tive um sonho".

Dirigindo-se a Biden em inglês, Zelensky disse que liderar o mundo livre também significa ser o "líder da paz".

Logo após o discurso de Zelensky, o chefe da Otan reiterou que nenhuma tropa será enviada à Ucrânia, mas que fortalecerão seu flanco leste.

A Otan realizará uma cúpula de emergência em Bruxelas em 24 de março com a participação de Biden, mas até agora resistiu aos pedidos de envolvimento direto de Zelensky por medo de iniciar a Terceira Guerra Mundial.

Em entrevista à rede americana NBC, Zelensky rebateu que a Terceira Guerra Mundial "já pode ter começado" e que "toda a civilização" estava em jogo.

- Alerta de Putin -

Putin garantiu, em uma reunião de governo televisionada, que a operação está sendo realizada "com sucesso" e comparou a ação dos países ocidentais às perseguições contra os judeus na Europa Oriental no final do século XIX e início do século XX.

"O Ocidente deixou cair a máscara da decência e começou a agir de maneira odiosa. Paralelos são traçados com os programas antissemitas", acusou, reiterando que não deseja "ocupar" a Ucrânia.

Antes de se dirigir ao Congresso americano, Zelensky exortou seus compatriotas a não desistirem, mas deu a entender que o conflito terminaria com um acordo negociado.

"Todas as guerras terminam com um acordo", declarou, referindo-se às "difíceis" mas "importantes" negociações que continuam entre Kiev e Moscou.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que Áustria e Suécia poderiam ser usados como modelos de neutralidade para a Ucrânia. Sem desmentir essas discussões, o negociador ucraniano Mikhailo Podoliak declarou que "o modelo só pode ser 'ucraniano'".

Em outro discurso, Zelensky indicou que suas prioridades na negociação "são claras: fim da guerra, garantias de segurança, soberania, restabelecimento da integridade territorial, garantias e proteção reais para o país". Em dias anteriores, Zelensky reconheceu que a Ucrânia tinha que aceitar que não irá entrar para a Otan. Impedir essa adesão foi um dos principais argumentos usados pela Rússia para justificar sua ofensiva.

- 'Guerra econômica relâmpago' -

No momento, os países ocidentais optaram por isolar a Rússia a Rússia diplomática e economicamente. As duras sanções podem levar Moscou a um possível default de sua dívida.

Putin prometeu ajuda financeira a indivíduos e empresas para enfrentar a avalanche de sanções e garantiu que a "guerra econômica relâmpago" contra seu país fracassou.

Nesta quarta-feira, a Rússia deveria pagar US$ 117 milhões em juros sobre dois títulos de dívida, a primeira parcela de uma série prevista para março e abril.

Cerca de 300 bilhões de dólares das reservas da Rússia estão congelados em bancos ocidentais. As sanções também forçaram a saída de Moscou de vários fóruns políticos e eventos esportivos internacionais.

Enquanto Moscou aumenta o controle sobre as informações relacionadas ao conflito, o regulador de telecomunicações da Rússia, Roskomnadzor, bloqueou as páginas de pelo menos 30 meios de comunicação, assim como do site da BBC.


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