Desde o início da invasão russa, os violonistas tem demonstrado que seu pequeno instrumento musical, fácil de transportar, é sua "arma de resistência".
Não sou médico, não sou soldado, não faço política. Só toco violino", explica Vera Litovshenko à AFP por meio de mensagens no Whatsapp.
"Não quero me sentir impotente. Quero ajudar os meus amigos e os professores de música que perderam suas casas, seus trabalhos, seu instrumento", explica a artista, que lançou uma vaquinha online após receber mensagens de apoio de todos os lugares do mundo.
- "Soldados no front musical" -
Solista da orquestra da Ópera de Kharkiv e professora, esta ucraniana de 39 anos se inspirou em uma de suas alunas, que tocou violino para as pessoas refugiadas no metrô.
Armada com seu arco de madeira, Vera interpretou Vivaldi e melodias ucranianas.
"Somos 12 pessoas: crianças, adolescentes, idosos (...) Me considero muito privilegiada porque estou em um sótão onde há aquecimento, eletricidade e alimentos. Outros não possuem tanta sorte".
Ajudar seu país com a música é também o objetivo de Illia Bondarenko, de 20 anos, que foi filmada em seu refúgio de Kiev interpretando com seu violino uma canção folclórica ucraniana, "Verbovaya Doscheska".
À jovem violonista se uniram, mediante uma montagem de vídeo, 94 violonistas de 70 países, entre eles 9 compatriotas seus, assim como o renomado solista Daniel Hope e a seção de violinos da Orquestra da Câmara de Munique.
O vídeo se tornou um fenômeno na internet após ser compartilhado pela London Symphony Orchestra (mais de 3,6 milhões de compartilhamentos no Facebook.
"Gostaria que esse vídeo chegasse ao coração das pessoas, a música é a oração mais poderosa", diz à AFP Kerenza Peacock, violinista da LSO, criadora do projeto "Violinistas pela Ucrânia" que está recolhendo fundos para as vítimas da guerra.
"Illia foi incrível. Foi filmado enquanto se ouviam as sirenes de alarme e a conexão de internet era ruim, comenta.
"Me gravaram em um refúgio onde passava a noite porque, quando voltamos ao nosso apartamento durante o dia, tentávamos não fazer barulho para estar atentos às sirenes, explicou este jovem à AFP por Skype.
"A música tem poder e os músicos ucranianos são atualmente soldados no front musical", explica o jovem, refugiado com a sua avó na região de Lviv (oeste) e preocupado com seus pais, bloqueados em Zhitomir, a oeste de Kiev.
PARIS