A ExoMars estava programada para este ano, mas diante da invasão russa da Ucrânia, a ESA, em comunicado, "reconheceu a impossibilidade de manter a atual cooperação com a (agência espacial russa) Roscosmos".
O conselho administrativo da ESA instruiu seu diretor a realizar um estudo rápido para relançar ExoMars e buscar novas opções.
"É muito amargo para todos os entusiastas do espaço", disse o chefe da agência, Dmitri Rogozin, no Telegram.
Ao mesmo tempo, Rogozin demonstrou otimismo ao afirmar que "em poucos anos" a Rússia poderá realizar essa missão sozinha.
"Sim, levará alguns anos (...) mas seremos capazes de realizar esta missão de pesquisa sozinhos a partir do novo local de lançamento no Cosmódromo de Vostochny", disse ele.
- Uma missão tomada por incidentes -
A ExoMars estava programada para lançar um rover com destino a Marte em setembro, com a ajuda de um lançador e uma estrutura de pouso russos.
Os lançamentos de diversas missões da ESA utilizavam, até agora, o lançador russo Soyouz a partir do porto espacial europeu de Kourou, na Guiana Francesa.
A Roscosmos condenou as sanções europeias, impostas em virtude da invasão russa à Ucrânia, de suspender os lançamentos com a Soyouz no porto de Kourou e de chamar de volta sua equipe de centenas de engenheiros e técnicos.
Inicialmente previsto para 2020, o lançamento da ExoMars foi adiado, por causa da pandemia de covid-19, para setembro de 2022.
O rover da ESA, Rosalind Franklin, deveria ser transportado por um foguete Proton de Baïkanour no Cazaquistão e pousar em Marte com a ajuda do lander "Kazatchok", também russo.
Agora, a expedição espacial está mais do que comprometida por causa de uma janela de lançamento em direção ao planeta vermelho que se abre de dois em dois anos.
A cooperação com a Nasa dos EUA "é uma opção", disse o diretor-geral da ESA, Josef Aschbacher.
Todas as outras missões da ESA tem como base a utilização do lançador russo Proton foram também suspensos. Estas incluem dois satélites para constelação europeia de posicionamento Galileo, a missão científica Euclid e a missão europeia-japonesa de observação da Terra EarthCARE.
A situação é difícil porque uma das alternativas para substituir o Soyuz, o foguete Ariane 6, está com a agenda cheia.
Esse foguete ainda não colocou em órbita um satélite de observação militar francês, CSO-3, e a missão será adiada em um ano por causa do cancelamento dos serviços russos.
O maior símbolo da cooperação espacial com a Rússia, que remonta à década de 1990, quando a União Soviética caiu, continua sendo a Estação Espacial Internacional (ISS).
A ISS tem basicamente dois segmentos, um americano e um russo.
O chefe da Roscosmos recentemente alertou sobre o efeito das sanções em seus próprios planos. A nave Progress, por exemplo, serve para manter a ISS em sua órbita.
Aschbacher descartou nesta quinta-feira um impacto na segurança da ISS.
"As operações são estáveis e seguras", disse ele.