Jornal Estado de Minas

LONDRES

Reino Unido retira licença de difusão da emissora russa RT

A agência britânica reguladora dos meios de comunicação (Ofcom) anunciou nesta sexta-feira (18) que retirou a licença de difusão da emissora estatal russa RT.



"A Ofcom revogou hoje a licença de transmissão da RT no Reino Unido, com efeito imediato", declarou o órgão em um comunicado, acrescentando que não considera o canal "adequado" para operar no Reino Unido.

"A RT é financiada pelo Estado russo, que recentemente invadiu um país vizinho soberano", destacou a Ofcom, apontando que uma "nova legislação na Rússia criminaliza qualquer jornalismo independente que diverge do discurso dos meios de comunicação estatais russos".

"Nestas circunstâncias, parece impossível que a RT cumpra as normas de imparcialidade do nosso código de radiodifusão", concluiu o regulador.

A decisão acontece após um veto similar da União Europeia (UE) neste mês, como parte das sanções impostas pelos países ocidentais contra a Rússia por sua ofensiva na Ucrânia.

A emissora, próxima ao Kremlin, foi bloqueada no Reino Unido nas últimas semanas como resultado da decisão tomada pela UE, porque a transmissão da RT nas plataformas britânicas depende do sinal enviado por satélites administrados por empresas com sede na Europa.



Até esta sexta-feira, porém, a Ofcom ainda não havia retirado a licença do canal. O órgão anunciou a decisão no momento em que há 29 investigações abertas sobre a "devida imparcialidade das notícias da RT e (...) a cobertura da invasão da Ucrânia pela Rússia".

A Ofcom já havia multado RT em 200.000 libras (US$ 263.000) por descumprir seu dever de imparcialidade.

A vice-diretora de redação da RT, Anna Belkina, criticou a decisão, afirmando que "apesar de uma fachada bem elaborada de independência, (Ofcom) não é mais que uma ferramente do governo em seu desejo por suprimir os meios de comunicação".

E denunciou "razões puramente políticas diretamente vinculadas à situação na Ucrânia", que privam "o povo britânico do acesso à informação"

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, denunciou uma "loucura anti-russa" e "um passo a mais na linha das graves restrições à liberdade de expressão, em violação a todas as leis sobre o trabalho livre dos meios de comunicação, incluindo as leis europeias".

Nos Estados Unidos, o canal foi classificado como "agente estrangeiro".

O veto pode levar a decisões similares do Kremlin contra canais britânicos que operam na Rússia, como BBC e Sky News.