Os lábios de Anna-Maria Romantchouk, uma estudante de 14 anos, ainda estão tremendo depois que sua escola em Kiev, "Gymnasium N. 34", foi atingida por um míssil russo nesta sexta-feira (18).
"É assustador", diz ela em um inglês hesitante, com o rosto pálido, apesar do carinho de sua mãe Oksana. "Eu só espero que tudo fique bem", continua.
Não muito longe, um corpo está coberto com um lençol, bem ao lado de uma enorme cratera causada por um míssil russo, que caiu entre esta escola, um jardim de infância e vários prédios de apartamentos.
O poder da explosão estourou todas as janelas da escola, considerada uma das melhores do outrora vibrante distrito de Podil, no noroeste de Kiev.
O jardim de infância vizinho teve o mesmo destino: decorado com um lindo mural representando de um esquilo, as janelas explodiram e seu teto desabou.
Anna-Maria e Oskana estavam em casa no momento da explosão. As escolas ucranianas estão fechadas desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Mas os moradores locais explicam que a escola era usada por civis para se proteger das bombas russas e não entendem por que foi alvo.
"Nosso diretor nos escreveu e pediu que viéssemos ajudar a limpar os cacos de vidro", diz Tetiana Tereshchenko, de 41 anos, com uma vassoura na mão.
Sua filha, também de 14 anos, soluça: "Estávamos esperando voltar para a escola. Estávamos tendo aulas online, agora não sabemos o que vai acontecer".
O prefeito de Kiev, o ex-boxeador Vitali Klitschko, informou que uma pessoa morreu e 19 ficaram feridas, incluindo quatro crianças, no ataque desta sexta-feira.
Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), as crianças ucranianas enfrentam "uma ameaça imediata e crescente".
Pelo menos 103 morreram desde o início do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, incluindo quatro na capital Kiev, segundo as autoridades ucranianas.
Pelo menos 10 escolas foram danificadas pelos combates e centenas de milhares de crianças fugiram.
Apesar de tudo, milhões de crianças ainda estão na Ucrânia. A situação em Kiev não é tão crítica quanto nas cidades sitiadas de Kharkiv, no nordeste, ou Mariupol, no sudeste.
Mas a capital é alvo há vários dias de repetidos ataques do exército russo.
"É um absurdo total!", denuncia Vladimir Klitschko, irmão do prefeito, no local do ataque. "Isso por um acaso é uma base militar?".
Cercado por guarda-costas, Klitschko vagueia entre os escombros e conversa com moradores cujos apartamentos foram afetados.
A explosão destruiu parte de um prédio, revelando seu interior, como em uma casa de bonecas.
Do lado de fora, onde as crianças costumavam brincar, pedaços de concreto se acumulam ao lado de árvores e carros incendiados.
"Um soldado deve lutar contra um soldado, não contra civis. O pior é que crianças e mulheres estão sendo mortas", constata Roman Vassilenko, um morador de 53 anos cuja porta e janela foram arrancadas.
Ele mostra um certificado atestando seu trabalho como "liquidador", esses homens que intervieram imediatamente no local do desastre nuclear de Chernobyl em 1986, depois fotos de sua filha e netos, que deixaram o país para a vizinha Romênia.
- "Por que devem sofrer?" -
Através dos buracos nas janelas da "Gymnasium N. 34", pode-se ter uma ideia da vida antes da guerra: um cartaz com o alfabeto na parede ao lado de um quadro.
No local, dezenas de voluntários limpam os escombros, na esperança de que a escola possa um dia reabrir.
Mas o som dos foguetes é um lembrete de que a escola está a apenas alguns quilômetros da linha de frente onde estão as tropas russas, que tentam há vários dias cercar Kiev.
Para os ucranianos, esta guerra não tem sentido.
"Meu avô é russo, eu sou ucraniana. Não entendo o propósito de tudo isso. Por que matar tanta gente?", pergunta Inna, de 33 anos, outra moradora cujas janelas explodiram.
"Uma pessoa foi morta no prédio. As crianças estão se abrigando na escola. Por que elas têm que sofrer?", acrescenta.
O medo palpável de um ataque russo a Kiev já esvaziou a capital de metade de sua população de 3,5 milhões, incluindo muitas crianças.
Mas para Tetiana Tereshchenko, é impossível partir: "Para onde iríamos? Esta é a nossa cidade. Não queremos sair dela".
"É assustador", diz ela em um inglês hesitante, com o rosto pálido, apesar do carinho de sua mãe Oksana. "Eu só espero que tudo fique bem", continua.
Não muito longe, um corpo está coberto com um lençol, bem ao lado de uma enorme cratera causada por um míssil russo, que caiu entre esta escola, um jardim de infância e vários prédios de apartamentos.
O poder da explosão estourou todas as janelas da escola, considerada uma das melhores do outrora vibrante distrito de Podil, no noroeste de Kiev.
O jardim de infância vizinho teve o mesmo destino: decorado com um lindo mural representando de um esquilo, as janelas explodiram e seu teto desabou.
Anna-Maria e Oskana estavam em casa no momento da explosão. As escolas ucranianas estão fechadas desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Mas os moradores locais explicam que a escola era usada por civis para se proteger das bombas russas e não entendem por que foi alvo.
"Nosso diretor nos escreveu e pediu que viéssemos ajudar a limpar os cacos de vidro", diz Tetiana Tereshchenko, de 41 anos, com uma vassoura na mão.
Sua filha, também de 14 anos, soluça: "Estávamos esperando voltar para a escola. Estávamos tendo aulas online, agora não sabemos o que vai acontecer".
O prefeito de Kiev, o ex-boxeador Vitali Klitschko, informou que uma pessoa morreu e 19 ficaram feridas, incluindo quatro crianças, no ataque desta sexta-feira.
- "Base militar?" -
Para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), as crianças ucranianas enfrentam "uma ameaça imediata e crescente".
Pelo menos 103 morreram desde o início do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, incluindo quatro na capital Kiev, segundo as autoridades ucranianas.
Pelo menos 10 escolas foram danificadas pelos combates e centenas de milhares de crianças fugiram.
Apesar de tudo, milhões de crianças ainda estão na Ucrânia. A situação em Kiev não é tão crítica quanto nas cidades sitiadas de Kharkiv, no nordeste, ou Mariupol, no sudeste.
Mas a capital é alvo há vários dias de repetidos ataques do exército russo.
"É um absurdo total!", denuncia Vladimir Klitschko, irmão do prefeito, no local do ataque. "Isso por um acaso é uma base militar?".
Cercado por guarda-costas, Klitschko vagueia entre os escombros e conversa com moradores cujos apartamentos foram afetados.
A explosão destruiu parte de um prédio, revelando seu interior, como em uma casa de bonecas.
Do lado de fora, onde as crianças costumavam brincar, pedaços de concreto se acumulam ao lado de árvores e carros incendiados.
"Um soldado deve lutar contra um soldado, não contra civis. O pior é que crianças e mulheres estão sendo mortas", constata Roman Vassilenko, um morador de 53 anos cuja porta e janela foram arrancadas.
Ele mostra um certificado atestando seu trabalho como "liquidador", esses homens que intervieram imediatamente no local do desastre nuclear de Chernobyl em 1986, depois fotos de sua filha e netos, que deixaram o país para a vizinha Romênia.
- "Por que devem sofrer?" -
Através dos buracos nas janelas da "Gymnasium N. 34", pode-se ter uma ideia da vida antes da guerra: um cartaz com o alfabeto na parede ao lado de um quadro.
No local, dezenas de voluntários limpam os escombros, na esperança de que a escola possa um dia reabrir.
Mas o som dos foguetes é um lembrete de que a escola está a apenas alguns quilômetros da linha de frente onde estão as tropas russas, que tentam há vários dias cercar Kiev.
Para os ucranianos, esta guerra não tem sentido.
"Meu avô é russo, eu sou ucraniana. Não entendo o propósito de tudo isso. Por que matar tanta gente?", pergunta Inna, de 33 anos, outra moradora cujas janelas explodiram.
"Uma pessoa foi morta no prédio. As crianças estão se abrigando na escola. Por que elas têm que sofrer?", acrescenta.
O medo palpável de um ataque russo a Kiev já esvaziou a capital de metade de sua população de 3,5 milhões, incluindo muitas crianças.
Mas para Tetiana Tereshchenko, é impossível partir: "Para onde iríamos? Esta é a nossa cidade. Não queremos sair dela".