"Por um mundo sem nazismo", "Pela Rússia", proclamavam as faixas expostas em um estádio Luzhniki lotado em Moscou.
A Rússia justifica sua atual operação militar na Ucrânia na necessidade de "desnazificar" o país, acusado de cometer um genocídio contra a população russófona.
Por todos os lados, os "Zs" adornavam o peito dos presentes no ato, convertidos em símbolo patriótico por aparecer nos tanques russos enviados para as zonas de combate.
O prato principal da festa, que contou com a presença de 95.000 pessoas no interior do estádio e 100.000 na área externa, era o discurso do presidente russo.
Vladimir Putin celebrava o heroísmo dos soldados russos na Ucrânia quando a emissora pública Rossiya-24, que transmitia o seu discurso, interrompeu sua intervenção e continuou mostrando outras imagens do evento.
Quinze minutos depois, a televisão retomou a transmissão do discurso de Putin, agora gravado.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, assinalou pouco depois aos meios de comunicação russos que transmitiam o evento que o mesmo havia sido interrompido "por uma falha técnica em um servidor".
Celebrando a anexação da Crimeia ucraniana em 2014, tomada após uma revolução pró-Ocidente em Kiev, o presidente saudou as forças presentes atualmente na Ucrânia, citando a Bíblia.
"As palavras que me vêm são as das Sagradas Escrituras: não há amor maior que dar a vida por seus amigos", disse, ao subir no palco.
Ao som de "Rússia, Rússia" cantado pela multidão, Putin louvou o "heroísmo" dos soldados russos que "combatem, que atuam lado a lado durante esta operação militar, e que, em caso de necessidade, usam seu próprio corpo para defender" seus camaradas e impedir a trajetória "de uma bala".
- 'Feito na URSS' -
"Já passou muito tempo desde que vivíamos tal grau de unidade", disse Putin. O evento também esteve marcado pelas canções patrióticas interpretadas por artistas famosos, como Oleg Gazmanov, que cantou o sucesso "Feito na URSS", onde uma das estrofes diz: "Ucrânia e Crimeia, Belarus e Moldávia, este é o meu país".
Personagens políticos, medalhistas esportivos e artistas também subiram no palco e se multiplicaram as mensagens de lealdade ao presidente Putin, enquanto dezenas de milhares de pessoas tremulavam bandeiras com as cores do país e cartazes estampados com a letra "Z".
"Somos um país e um povo que aprecia e defende a paz, luta contra o mal a verdadeira liberdade é estar livre do mal. Não podemos ter medo porque vivemos no amor e com fé", proclamou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova.
O pai de um separatista pró-russo do leste da Ucrânia falecido há alguns dias subiu ao palco para saudar o exército russo que está "na linha de frente".
"Quero lhes dizer que apoiem o presidente", declarou Artyom Zhoga, que compareceu expressamente para a ocasião, já que é comandante de uma unidade separatista no front de Donetsk.
"Uma nação que acredita em seu presidente não pode ser derrotada", proclamou o anfitrião da festa.