Dentre todos as categorias de ativos financeiros, "os cripto-ativos me preocupam mais no atual contexto russo", declarou Lagarde em um fórum sobre inovação de regulamentos internacionais do BCE.
"É uma ameaça? Sim", afirmou ela, após destacar que as criptomoedas que escapam dos sistema bancário tradicional são "certamente utilizadas como um meio para tentar burlar as sanções que foram decididas por inúmeros países ao redor mundo contra a Rússia e outros atores específicos".
Particulares ou empresas russas "evidentemente tentam converter os seus rublos em cripto-ativos", revelou Lagarde, chamando atenção que os volumes convertidos de rublos atingiram um nível particularmente alto após as sanções impostas pelo Ocidente em retaliação à invasão russa da Ucrânia.
A Europa adicionou tardiamente as criptomoedas em seu catálogo de sanções tomadas após o início do conflito na Ucrânia, excluindo os bancos russos do sistema internacional Swift.
Mas as criptomoedas, utilizando a tecnologia de blockchain, podem ser utilizadas, fora do sistema bancário, por pessoas atingidas pelas sanções para que possam continuar negociando.
Antes do conflito armado na Ucrânia, a Rússia já ocupava o topo do pódio mundial de utilização e criação (mineração) de criptomoedas.
O bitcoin, a mais famosa das criptomoedas, "não constitui (...) uma reserva de valor, mas é também um ativo especulativo, que se assemelha um pouco aos bulbos de tulipas da Holanda no século XVII", declarou por sua vez o governador do Banco da França, François Villeroy de Galhau, na abertura do fórum.
Os banqueiros centrais são tradicionais críticos das criptomoedas por causa de sua forte volatilidade, de sua possível utilização para atividades criminosas e, mais amplamente, pela sua falta de transparência.
O BCE aposta na criação daqui a 5 anos do euro digital como moeda do banco central protegida e limitada pra os pagamentos cotidianos, ao invés, das cédulas.
Para esse projeto complexo, "nós estamos dentro do prazo e dentro do orçamento", assegurou Lagarde.
FRANKFURT