Dirigido por Sian Heder ("Orange is the New Black"), o filme, de baixo orçamento, também ganhou os prêmios de melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para Troy Kotsur.
O filme superou pesos pesados na principal categoria do Oscar e deu à Apple a tão esperada estatueta, que se destaca de rivais como a Netflix, bem como dos tradicionais estúdios de Hollywood. Mas também estabelece um marco de representação no cinema.
"Escrever e fazer esse filme foi um desafio vital como artista e como ser humano. Quero agradecer a todos os meus colaboradores da comunidade surda, da comunidade 'coda', por serem meus professores", disse Sian Heder ao receber a estatueta de melhor roteiro adaptado.
Lançado pela plataforma Apple TV+ depois de vencer uma guerra de lances no festival de Sundance do ano passado, No Ritmo do Coração arrecadou cerca de US$ 25 milhões. A diretora, que, segundo especialistas, teria contado com um orçamento de US$ 10 milhões, descartou locações caras para se concentrar na história da adolescente "Ruby Rossi".
O filme estabeleceu um marco em matéria de representatividade ao apresentar um elenco autêntico, liderado pela atriz Marlee Matlin, que com décadas de carreira em Hollywood, dá vida à mãe excêntrica e vulnerável de Ruby.
O comediante Troy Kotsur, que ganhou o prêmio de melhor ator coadjuvante, interpretou o pai de Ruby, e seu irmão foi interpretado com uma poderosa atuação de Daniel Durant ("Switched at Birth").
"Queria dizer apenas que isto é dedicado à comunidade surda, à comunidade 'coda' e à comunidade de deficientes. Este é o nosso momento", expressou Kotsur com sinais, traduzido por um intérprete.
- Família 'Coda' -
No Ritmo do Coração deixou pelo caminho o favorito, "Ataque dos Cães", de Jane Campion, o aclamado "Belfast", de Kenneth Branagh, e a nova versão de "Amor, Sublime Amor", de Steven Spielberg.
Para analistas da indústria, No Ritmo do Coração tornou-se um sucesso retumbante graças à sua perspectiva familiar e ao apostar no tradicional enredo de superação de adversidades.
Com protagonistas que esbanjam química em cena, a obra se consagrou em fevereiro, quando ganhou o prêmio máximo do prestigiado Sindicato de Atores dos Estados Unidos. O reconhecimento ao melhor elenco equivale ao prêmio de melhor filme concedido pela Academia.
"Somos um elenco tão unido que foi genial ganhar este prêmio", disse à AFP Emilia Jones, que, como Sian Heder, aprendeu a linguagem de sinais americana antes das filmagens.
A produção contratou uma equipe de consultores especializados na linguagem de sinais para traduzir o roteiro de Heder e usá-lo como elo entre o elenco. Juntos, eles escolheram gestos do vocabulário de sinais que se adaptavam melhor aos usados em Massachusetts e que poderiam ser decifrados de forma intuitiva pelo público não familiarizado.
O triunfo de No Ritmo do Coração na temporada de premiações representa um grande impulso para a Apple, que, com um grande investimento, tenta compensar sua chegada tardia à guerra do streaming, dominada por rivais como Netlix e Diney+.
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