O escândalo começou com uma brincadeira de Rock sobre a cabeça raspada de Jada Pinkett, esposa de Will Smith, que sofre de alopecia, nome médico para a perda de cabelo severa. Smith se levantou, foi até o palco e lhe deu um tapa no rosto.
"Mantenha o nome da minha mulher fora da p**** da sua boca", gritou Smith duas vezes após voltar ao seu assento.
As expressões atônitas das celebridades no Teatro Dolby, como Nicole Kidman e Lupita Nyong'o, viralizaram nas redes sociais, assim como as críticas ao comportamento de Smith.
O ator e diretor americano Judd Apatow fez uma condenação enérgica em um tuíte que depois foi apagado, mas compartilhado pela atriz Mia Farrow: Will Smith "poderia tê-lo matado. Simplesmente perdeu o controle de sua raiva e de sua violência (...). Perdeu a cabeça".
Mia Farrow defendeu o humorista Chris Rock: "Ele só fez uma brincadeira, como sabe fazer", disse.
Smith, que subiu ao palco pouco depois para receber seu Oscar de melhor ator, pediu desculpas em um longo discurso à Academia de Hollywood, mas não a Rock. Sem mencionar diretamente o tapa, se justificou entre lágrimas dizendo que "às vezes o amor te faz cometer loucuras". Questionou também "quem falta com respeito".
Para a escritora britânica Bernardine Evaristo, cujo pai é nigeriano, Smith desperdiçou a chance de dar um exemplo, especialmente para os afroamericanos. Quando "Smith é apenas o quinto negro a ganhar o oscar de ator principal, recorre à violência em vez de usar o poder da palavra para vencer Chris Rock", tuitou.
"E depois fala de Deus e do amor que o teriam feito se comportar assim", acrescentou.
O jogador de basquete estrela dos Golden State Warriors, Stephen Curry, disse nesta segunda-feira que está "ainda em choque como todo o mundo".
Curry homenageou o ator Denzel Washington que, após o incidente, consolou Will Smith dizendo: "em seus momentos mais intensos, tenha cuidado, aí é que vem o diabo!".
"Os humoristas de stand-up são muito bons para lidar com espectadores impertinentes. Com agressão com violência física... nem tanto", comentou a estrela de "Star Wars", Mark Hamill.
- "Haverá consequências" -
De 53 anos e muito popular no mundo todo, Smith recebeu o Oscar de melhor ator pelo seu papel em "King Richard: criando campeãs", um filme sobre o pai e treinador das tenistas Serena e Venus Williams.
No filme, a personagem apanha, sem responder, de jovens bandidos de um subúrbio da Califórnia. No domingo, porém, Smith disse que "a vida imita a arte", depois de descrever seu papel de pai superprotetor.
Smith, que ficou famoso com a série da década de 1990 "Um Maluco no Pedaço", tem um histórico de conflitos com Rock que já dura vários anos, desde que o comediante falou de Pinkett Smith pelo boicote que o casal fez ao Oscar de 2016.
Mas o rapper e produtor Sean "Diddy" Combs disse que a briga de domingo durou pouco e afirmou ao canal Page Six: "Não tem mais problema (entre eles), acabou, posso confirmar".
O ator apareceu mais tarde à festa do Oscar da Vanity Fair, junto com sua esposa e filhos, com quem posou para fotos e dançou na pista.
Pinkett Smith não se pronunciou nas redes, mas seu esposo brincou em sua própria publicação no Instagram, acrescentando: "Não se pode convidar pessoas da Filadélfia e de Baltimore para lugar algum!", referindo-se a suas cidades natais.
Embora as redes tenham sido inundadas com críticas e alguns usuários tenham pedido para retirar de Smith seu prêmio do Oscar, a integrante da Academia, Whoopie Goldberg, descartou essa ideia.
"Não vamos tirar o Oscar dele", disse em um programa matinal nesta segunda-feira. "Haverá consequências, tenho certeza, mas não acho que isso seja o que farão. Particularmente porque Chris (Rock) disse que não apresentará acusações".
Nas últimas horas algumas vozes saíram em defesa de Smith. Liam Payne, ex-cantor da One Direction, disse à imprensa: "Acho que teve o direito de fazer o que fez".
A representante democrata Ayanna Pressley, que sofre de alopecia, agradeceu Smith. "Parabéns a todos os maridos que defendem suas esposas que sofrem de alopecia da ignorância e dos insultos cotidianos", tuitou Pressley e depois apagou a mensagem.
Outro representante democrata, Jamaal Bowman, também recorreu ao Twitter e depois apagou o que escreveu: "Uma lição a aprender: não brincar com o cabelo de uma mulher negra".
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