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Estado de Minas KIEV

Escassez e invasão das tropas russas marcam a vida de cidade ucraniana ocupada


01/04/2022 08:51

Nas ruas, há escassez de medicamentos. Nas casas, há invasão dos soldados russos. Os residentes da cidade ucraniana de Kherson, ocupada por Moscou, descreveram à AFP um sombrio panorama de sua vida cotidiana.

Com 283.000 habitantes antes da guerra iniciada em 24 de fevereiro, Kherson se encontra na desembocadura do Rio Dnipro, próxima à península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Foi a primeira grande cidade a cair em mãos russas em 3 de março.

A AFP recolheu, por telefone, o testemunho de seis habitantes da cidade, onde nenhum veículo internacional de mídia está presente. Eles pediram que seus sobrenomes não fossem publicados com medo de represálias.

Segundo seus habitantes, as forças russas bloquearam as entregas de comida e ajuda humanitária à cidade, onde começa a faltar medicamentos.

"Outro mês assim e não vão ter nem o que bombardear. A fome e a doença vão fazer o trabalho por eles", se preocupa Kirilo, motorista de ambulâncias.

Todos os residentes entrevistados pela AFP asseguram ter visto ou ter escutado falar sobre visitas de soldados russos às casas.

"Buscavam pessoas cujos nomes estão em algum tipo de lista. Entram nas casas e vão armados, é impossível resistir", explica Tetiana, uma funcionária da universidade.

Uma habitante da cidade vizinha de Kakhovki, também sob controle russo, disse que as forças de Moscou "levavam as pessoas", principalmente ativistas locais e antigos militares.

"Não sabemos para onde os levam", indicou.

- Farmácias vazias -

Os Estados Unidos asseguraram, na semana passada, que Kherson era uma "cidade disputada" e que Kiev havia lançado uma contra-ofensiva para recuperá-la.

Mas seus habitantes afirmam que, apesar de haver combates na periferia, seguem claramente sob controle russo.

Kherson não sofreu a destruição massiva e as perdas humanas de outras cidades como Mariúpol, no sudeste, ou Chernihiv, no norte.

E apesar da presença russa, seus habitantes organizaram manifestações em sua praça central.

"Estamos sob ocupação, mas, porém, estamos pela Ucrânia", resume Maria, uma vendedora de 24 anos.

Os habitantes consultados pela AFP disseram que sua principal preocupação, após a chegada dos tanques russos, é a crise sanitária que se agrava.

A insulina e outros medicamentos essenciais começaram a faltar nas primeiras semanas de ocupação. "As prateleiras das farmácias estão vazias. Não há nada além do que água", afirma o motorista de ambulância Kirilo.

Equipes de voluntários fazem a rota pelas casas para comprar medicamentos e as ambulâncias não são chamadas, exceto em caso de extrema importância porque "não há combustível", acrescenta.

As reservas de comida também estão em níveis baixos. Porém, carne e verduras são encontradas, mas pelo dobro do preço e a massa e os cereais estão escassos.

"Não deixam que a ajuda humanitária chegue. Há um mês, não há entregas de comida", denuncia Aliona, que trabalha com comunicação.

Segundo seus habitantes, um aviário local doou seus frangos por medo que milhares deles morressem por má-nutrição.


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