O julgamento por uma das piores chacinas cometidas em uma escola dos Estados Unidos começa assim sua segunda fase, depois que Cruz se declarou culpado em outubro de 17 acusações de assassinato e de 17 tentativas de assassinato.
Em 14 de fevereiro de 2018, Cruz assassinou 17 alunos e funcionários com um fuzil semiautomático AR-15 na escola secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, de onde havia sido expulso um ano antes por "motivos disciplinares".
A seleção dos 12 membros do júri e de oito suplentes poderia levar semanas, devido à dificuldade de encontrar pessoas que se declarem imparciais em um caso como este, que comoveu os Estados Unidos.
No dia do massacre, Cruz chegou à sua antiga escola usando um aplicativo de transporte, entrou rapidamente no edifício e começou a atirar. Ele deixou o recinto nove minutos depois.
O assassino confesso, que tem agora 23 anos, era conhecido por sua obsessão por armas. Além disso, vários de seus colegas de turma o apontaram como uma possível ameaça.
Depois de sua prisão, a polícia recuperou vídeos em seu telefone, nos quais ele afirmava que mataria "pelo menos 20 pessoas" em sua antiga escola.
Em outubro, quando se declarou culpado, pediu perdão aos familiares das vítimas. "Sinto muito pelo que fiz e tenho que viver com isso todos os dias", disse na época. "Me traz pesadelos", acrescentou.
Seu julgamento poderia durar seis meses, segundo a juíza encarregada do caso, Elisabeth Scherer.
Na Flórida, o júri tem que votar por unanimidade para impor a pena de morte a uma pessoa. Se seus membros não conseguirem chegar a um consenso, o acusado é condenado à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.
O massacre de Parkland abriu um debate sem precedentes para limitar as vendas de armas nos Estados Unidos.
Contudo, mais de quatro anos depois, o Congresso americano ainda não votou nenhuma reforma significativa sobre a posse de armas.
Cruz pôde adquirir com facilidade um fuzil semiautomático, apesar de ter antecedentes de problemas mentais.
Depois de sua prisão, ele disse a um agente que ouvia demônios que lhe ordenavam "comprar armas, matar animais e destruir tudo".