Reflexo da "era dos anos 2020", ou retrato de uma geração narcisista? Em Estocolmo, o último dos chamados "museus" de selfie oferece uma colorida cena para os usuários do Instagram e do TikTok.
Leia Mais
Google libera Art Selfie no Brasil com novos retratos da PinacotecaUcraniana faz selfie em banheiro de trem ao lado de outros cinco refugiadosSoldado russo faz selfie enquanto mísseis são disparados na Ucrânia; vejaTelescópio Webb avista sua primeira estrela e tira selfieE o preço da entrada (mais de US$ 30) se aproxima mais do valor do ingresso de um parque de diversões do que de um museu convencional.
"Aqui, podem tirar fotos fantásticas e criar conteúdo para seus perfis no Instagram ou no Facebook. E, se a pessoa estiver no TikTok, tem o lugar perfeito para fazer os vídeos dessa rede", descreve uma das responsáveis do lugar, Sofia Makiniemi, em conversa com a AFP.
Atrás dela, está a "sala emoji", repleta de bolas azuis e amarelas representando as famosas carinhas soridentes. Em outros ambientes temáticos, é possível, por exemplo, pular em uma piscina cheia de bastões de espuma, simulando balas em bastão, em uma zona inspirada na Costa Azul francesa; posar sob brilhantes neons; ou se sentar em um balanço rosa gigante.
"Há iluminação, música TikTok, doces, todas as coisas de que nós gostamos", comemora Zaneb Elmani, de 18 anos, que visita o lugar com um grupo de amigos. Para ela, o lugar tem o "clima dos anos 2020".
"Meu deus, é muito lindo!"
Situado em um centro comercial, o Youseum, "é um museu interativo, onde você pode criar a arte que você quer ver", explica Makiniemi.Depois dos primeiros espaços lançados na Holanda pelo gigante imobiliário comercial Westfield, a Suécia é o segundo país a receber uma instituição deste tipo, inaugurada em meados de março em um centro gigantesco da empresa em Solna, na periferia de Estocolmo. Projetos similares foram anunciados para Alemanha e Dubai.
A era das redes sociais e de seus "influencers" vem acompanhada de crescentes advertências sobre os possíveis riscos para a saúde mental de jovens e adolescentes, especialmente meninas.
"É grande parte da nossa sociedade hoje em dia. Então, por que não tentar tornar isso mais criativo?", argumenta Makiniemi.
As jovens estudantes que visitam o local neste dia não mostram qualquer preocupação a esse respeito.
"Acho que esse lugar é lindo para as pessoas que amam tirar fotos. É muito lindo aqui, meu Deus, é muito lindo", deslumbra-se Chaymae Ouahchi, de 18 anos, que não se vê como uma "influencer" e garante ser "uma pessoa muito discreta".
Gerações passadas podem torcer o nariz ao ouvir a palavra "museu" ser usada para um lugar dedicado a fazer selfies com o celular, ou podem simplesmente se resignar, como Bill Burgwinkle, um professor de 70 anos que visita o local com sua sobrinha.
"Acredito que seja muito tarde para se preocupar. O mundo é assim agora", observou, acrescentando que esse tipo de instalação, até pouco tempo improvável, "parece cumprir sua função".