"Resolvemos que nos próximos dias sejam autorizadas as visitas ao local que foi chamado de 'Cárcel del Pueblo' aqui em Montevidéu", anunciou o ministro de Defesa Nacional, Javier García, em coletiva de imprensa nesta terça-feira(5).
"Faz parte de uma história trágica do Uruguai, mas por ser trágica não deixa de ser a História de nosso país (...) A história não pode ter recortes", acrescentou.
O ministro destacou que "é um lugar onde estiveram reclusos uruguaios de forma clandestina e onde houve violação de direitos humanos", destacando que alguns permaneceram ali "mais de um ano em um porão com um tipo de jaula".
A "Cárcel del Pueblo", uma casa no bairro central de Parque Rodó foi utilizada pelo Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros (MLN), a guerrilha urbana de esquerda da qual fez parte o ex-presidente José Mujica.
O MLN-Tupamaros, que atuou no Uruguai de meados dos anos 1960 até sua derrota em 1972 -um ano antes do golpe de Estado de Juan María Bordaberry apoiado por militares -, manteve varias pessoas em cativeiro nesta casa.
Sua descoberta por parte das forças de segurança em maio de 1972 foi uma das principais ações na desarticulação do MLN.
De acordo com a Comissão Nacional Honorária de Sítios de Memória, a mesma casa foi utilizada durante a ditadura (1973-1984) como centro clandestino de detenção e tortura de militantes de esquerda.
Há vários anos, a construção é propriedade do Ministério da Defesa Nacional, mas salvo visitas pontuais de familiares de detidos ou jornalistas, nunca havia sido aberta ao público.
"Em consideração às características do lugar e à sensibilidade evocadas pela memória", indicou o Ministério em nota, se dispôs um protocolo especial para as visitas.
As visitas serão agendadas previamente no quarto sábado de cada mês, com um máximo de 25 pessoas por dia, em grupos de cinco integrantes, que só poderão percorrer a casa durante 20 minutos.