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Estado de Minas MITOLOGIA

Japão: 'Pedra da morte', conhecida por 'prender espírito maligno', se parte

A lenda conta que uma perigosa 'raposa de nove rabos', presa há quase 900 anos, estaria à solta com o rompimento


05/04/2022 23:19 - atualizado 05/04/2022 23:25

Pedra em parque no Japão rompida
A simbologia por trás da pedra se dá por meio de uma lenda japonesa (foto: Reprodução/Redes Sociais)
A milenar “Pedra da Morte” ou Sessho-seki, como chama a lenda, localizada no Parque Nacional de Nikko, no Japão, se rompeu neste mês, liberando supostamente um espirito maligno de uma “raposa de nove rabos” sobre o mundo. 

A pedra se mistura a um amontoado de outras formações rochosas que compõem o parque, mas por seu caráter mitológico, os muitos turistas que visitavam o local não se arriscavam em se aproximar de Sessho-seki com medo de sua temida maldição fatal.

A lenda

Pedra mitológica no Japão.
A simbologia por trás da pedra se dá por meio de uma lenda japonesa (foto: Parque Nacional de Nikko)

 

A simbologia por trás da pedra se dá por meio de uma lenda japonesa que diz que há 900 anos, um espírito de raposa de nove caudas, chamado Tamamo-No-Mae, ficou preso na pedra. 

A raposa teria o poder de mudar de forma e, assim, teria se transformado em uma bela mulher e chamado a atenção do imperador aposentado Toba, que reinou no Japão por volta de 1107 a 1123. Ao longo da aproximação dessa suposta mulher, o imperador adoeceu gravemente. Um adivinho e astrólogo da corte determinou que Tamamo-No-Mae seria a culpada. 

Diante da frustração de seu plano, ela foge para o deserto, mudando mais uma vez sua forma para que pudesse se esconder. Entretanto, os samurais enviados atrás dela teriam a alcançado e atirado uma flecha em sua direção, matando sua forma física e restando apenas seu espirito em forma de pedra. 

Nos arredores da pedra não cresce nenhuma vegetação, o que chama a atenção por sua fama de maldita. Cientificamente, a ausência de vegetação se dá porque o solo do parque é impregnado com sulfeto de hidrogênio, um gás bastante tóxico.

De onde vem a lenda?

A história sobre a pedra aparece em um haikais chamado "Oku no Hosomichi", traduzido como "Trilha estreita ao confim". A obra é de um renomado poeta japonês do período Edo (entre os séculos XVII e XIX), Matsuo Bash%u014D, e possui muita relevância. 

O livro conta com trechos como: 
 
* “O Sessho-seki está localizado em um recesso de montanha onde uma fonte termal flui".

* "O ar venenoso da pedra ainda permanece e o chão está coberto de tantas abelhas e borboletas mortas que você mal consegue ver a cor da areia”

A fama do espírito

Apesar do renome carregado pela lenda, a atual cultura japonesa, especialmente dos mangás e animes, não busca retratar o espirito da raposa como vilã, para fugir de um retrato misógino corriqueiro.

Os mitos japoneses costumavam retratar mulheres como espíritos malignos destinados a atormentar os homens.

Hoje, a mídia japonesa traz o símbolo de Sessho-seki, como uma vilã que acaba se tornando heroína.

Interpretações do fato

A pedra está localizada a 160 quilômetros da cidade de Tóquio, gerando receio nos adeptos à lenda, que temem que a maldição se espalhe sobre a metrópole.
 
Muitas pessoas associam o rompimento à guerra travada entre a Rússia e a Ucrânia, ou mesmo à pandemia da COVID-19. Já os mais otimistas, acreditam que o ocorrido pode sinalizar boas mudanças e que o espirito poderia ser capaz de deter Vladimir Putin, presidente da Rússia, em seus planos para a guerra.

Supostas causas 

Quanto ao caráter sobrenatural da pedra, a professora Yoshiko Okuyama da universidade do Havaí em Hilo, explica que a localização perto de vulcões pode ter feito com que gases libertados por eles tenham matado animais e humanos na região, ao longo dos anos, 

A causa da rachadura ainda é desconhecida, mas, para os céticos, acredita-se que as baixas temperaturas do inverno tenham ocasionado o rompimento. Nick Kapur, professor associado de história da Universidade Rutgers em Camden, Nova Jersey, diz que a cada inverno, a água pode ter se infiltrado na rachadura, congelado e depois expandida. As autoridades japonesas acatam a tese de que a pedra se rompeu por causas naturais.
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor Eduardo Oliveira  


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