Sua terceira candidatura presidencial pode ser a definitiva. Com cerca de 15,5% das intenções de voto, as pesquisas o colocam em terceiro lugar, atrás do centrista Emmanuel Macron e da direitista Marine Le Pen, mas com alguma chance de passar ao segundo turno.
"Agora sentimos o nosso destino ao alcance das mãos", destacou o candidato da esquerda radical na terça-feira (5), em um comício em Lille (norte) e em outras 11 cidades simultaneamente graças aos seus populares hologramas, em uma tentativa de multiplicar suas opções.
Em 2017, ele foi o candidato da esquerda mais votado, com quase 20% dos votos, o que o deixou em quarto lugar no primeiro turno. Agora, no entanto, seus aliados comunistas decidiram abandoná-lo e apresentar a candidatura de Fabien Roussel.
Diante do avanço de Macron e de Le Pen, Mélenchon se ergueu como o "voto útil", conforme definido pela ex-candidata socialista à eleição presidencial em 2007, Ségolène Royal, de uma esquerda dividida em seis candidaturas, dos ecologistas aos anticapitalistas.
"Não sou uma grande admiradora da pessoa, mas sim de seu programa", afirmou à AFP Anne, uma eleitora de 37 anos, durante um comício eleitoral que, segundo os organizadores, reuniu 100.000 pessoas nas ruas de Paris no final de março.
- "A República sou eu!" -
Suas conhecidas explosões de raiva minaram sua imagem entre os eleitores. A mais famosa delas foi em 2018, quando durante uma busca policial na sede de seu partido em Paris, ele gritou para as forças de segurança: "Eu sou a República!".
No entanto, sua terceira campanha presidencial aconteceu sem muita confusão e com uma imagem mais controlada do candidato: discurso claro, mas sem subir o tom, recuperação do clássico terno com gravata...
Assim como Marine Le Pen, o líder do partido França Insubmissa tenta se apresentar como defensor do poder aquisitivo e das classes populares, contra um Emmanuel Macron "arrogante" e "presidente dos ricos", segundo ele.
Antecipar a aposentadoria para 60 anos, limitar o preço do petróleo a 1,40 euro por litro, aumentar as pensões e o salário mínimo: Mélenchon se agarra às promessas num contexto de preocupação com o aumento da inflação.
A nível internacional, propõe sair da Otan em busca de "alianças globais alternativas". Defende que a França seja um país "não alinhado" com as grandes potências e abandonar a parte dos tratados que o impeçam de aplicar seu programa.
Um relatório da Fundação Jean Jaurès acredita que este filósofo de formação tem chances de chegar ao segundo turno se Le Pen perder força, se ele conseguir mobilizar uma parte dos eleitores tentados a se abster e se conseguir o "voto útil" da esquerda.
- "Chávez francês" -
Neto de espanhóis nascido em Tânger (Marrocos), ele recebeu na segunda-feira (4) o apoio dos ex-presidentes brasileiros Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que lhe desejaram "sucesso no primeiro turno desta semana".
Jean-Luc Mélenchon, admirador do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez e do partido espanhol Podemos, foi membro do Partido Socialista francês durante 30 anos, senador e ministro, antes de sair bruscamente da formação.
Este ex-militante estudantil trotskista criou seu próprio movimento, o Partido de Esquerda, com o qual obteve 11,1% dos votos na eleição presidencial de 2012 junto ao Partido Comunista. Em 2017, fundou o França Insubmissa.
O "Chávez francês", como foi chamado pelo jornal conservador Le Figaro, considerava o falecido presidente venezuelano "a ponta da lança" de um processo que abriu "um novo ciclo" na América Latina, "o da vitória das revoluções cidadãs".
Pai de uma menina e cuidadoso com sua privacidade, Melenchon sonha em seguir os passos do novo presidente do Chile: "Como Gabriel Boric, retomamos o fio histórico da esquerda francesa e dessas lutas que nos encorajam".