O terror voltou a assombrar a capital do mundo. Às 8h24 de ontem (9h24 em Brasília), um homem vestindo um colete de operário entrou na estação de metrô da Rua 36, no Bairro do Brooklyn, em Nova York, colocou uma máscara de gás assim que o trem chegou à plataforma e entrou no segundo vagão. “Ele depois acionou um recipiente que estava em sua mochila, e o vagão logo se encheu de fumaça. Em seguida, começou a atirar”, afirmou a comissária do Departamento de Polícia de Nova York, Keechant Sewell. Pelo menos 29 pessoas ficaram feridas, 10 delas por disparos de arma de fogo – cinco foram hospitalizadas em estado grave, mas estável.
Até o fechamento desta edição, o suspeito continuava em fuga, apesar da imensa caçada montada pelas forças de segurança. De acordo com Sewell, ele seria “um homem negro de aproximadamente 1,65m de altura e corpulento”. Vestia um colete verde usado por operários de construção e um moletom cinza com capuz e teria agido sozinho. As autoridades ressaltaram que o incidente no Brooklyn não estava sendo investigado como um ato de terrorismo.
Por volta das 8h10 (9h10 de ontem), Kenneth Foote-Smith, 25 anos, embarcou no trem a partir da estação da 8ª Avenida, no Bairro do Brooklin. Como faz todos os dias, desde que se mudou de Atlanta para Nova York, utilizou o metrô para chegar ao escritório de advocacia onde trabalha, em Midtown Manhattan. Dessa vez, escolheu o primeiro vagão. “O trem moveu-se, parou na estação da Rua 56 e, depois, na Rua 36. Quando ele se deteve, escutei o barulho alto de uma explosão, algo como vidros se quebrando. Não era um som comum no metrô”, relatou ao Estado de Minas, por telefone.
“As pessoas que estavam no meu vagão se levantaram e fugiram para a parte dianteira do carro, pois havia fumaça atrás de nós. Quando a porta se abriu, pude ver, no segundo vagão, três ou quatro pessoas em pânico, gritando por socorro. O metrô se movimentou rapidamente e, se deteve ante um sinal de parada. Pude escutar três ou quatro rápidos disparos. As pessoas gritavam sem parar e tentavam abrir as portas, algumas delas sangravam. A fumaça logo encobriu minha visão”, acrescentou Kenneth.
De acordo com Kenneth, assim que as portas se abriram, cerca de 200 pessoas aguardavam o metrô na plataforma. "Quem estava dentro do vagão começou a empurrar um am outro. Algumas pessoas gritavam 'ele está atirando!', 'ele tem uma arma e uma bomba!' Foi o caos absoluto, foi horrível", contou. A primeira reação de Kenneth foi correr até a escadaria para acessar a Rua 36, mas uma multidão tentou fazer o mesmo. "Foi então que o maquinista pediu que entrássemos no trem, continuou a viagem até a próxima estação, na Rua 25, e ordenou que saíssemos para a superfície. Quem estava no segundo vagão me relatou ter escutado sete tiros e me disse que a fumaça era tão espessa que impossibilitava ver a própria mão diante do rosto. Mas algumas pessoas viram muito sangue."
O ilustrador Sam Carcamo, 35, aguardava o trem que faria a conexão até seu destino, quando o metrô parou e as portas se abriram. “Havia tanta fumaça, que era impossível visualizar dentro do vagão ou ver as pessoas. Era uma fumaça espessa e escura. As pessoas começaram a se empurrar para sair do carro. Eu imaginei que fosse um princípio de incêndio e me aproximei do trem, porque estava curioso. Vi poças de sangue espalhadas pela estação e uma pessoa baleada na barriga, sangrando muito e amparada por amigos. As pessoas corriam em todas as direções e estavam cobertas de sangue. Comecei a filmar tudo”, disse à reportagem.
Sam e outros usuários do metrô começaram a buscar medicamentos e luvas cirúrgicas que pudessem ser usados nos primeiros socorros. “Ao perceber que foi baleado, um homem se pôs a gritar. Estava em choque. Quando saí da estação, vi uma quantidade de policiais como nunca havia visto na vida.” Ele não viu o suspeito nem escutou o barulho dos tiros. Mas relatou que o cenário era caótico. “Quando mudamos de estação foi que percebemos o que tinha acontecido e nos mobilizamos para ajudar os feridos”, lembra.
Minutos depois do ataque, o documentarista Konrad Aderer, 53 anos, tinha acabado de deixar os filhos na escola e caminhava sobre a estação de metrô da Rua 36. “Eu estava na metade das escadarias que levam ao mezanino onde fica a bilheteria. Enviava uma mensagem pelo celular para a minha esposa, quando vi um cara subindo do túnel da estação. As pernas dele sangravam. Ele dizia que estava ferido, mas conseguia andar e parecia bem. Bastante exaltado, o rapaz repetia: 'As pessoas estão feridas, estão sangrando!' Perguntei-lhe o que havia ocorrido. Ele citou um tiroteio”, contou Konrad ao Estado de Minas, por telefone.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebeu informações atualizadas sobre o ataque. “Jill e eu estamos orando por aqueles feridos no tiroteio ocorrido no metrô de Nova York. Somos gratos pelos socorristas e civis que entraram em ação. Minha equipe está em contato com autoridades da cidade e trabalhamos para apoiar os esforços no terreno”, escreveu no Twitter. Na véspera, Biden havia cobrado do Congresso a proibição de acesso às armas de assalto e a eliminação da imunidade de responsabilidade dos fabricantes de armas.