Segundo o chanceler nicaraguense, Denis Moncada, o país deixa imediatamente de participar da OEA e retira as credenciais de seus representantes em Washington. "Tampouco essa organização infame, consequentemente, terá escritórios em nosso país. Sua sede local foi fechada", acrescentou. "A Nicarágua expulsa a Organização dos Estados Americanos", disse.
Após o anúncio, policiais foram deslocados para "proteção" nos arredores do que era a sede da OEA em Manágua, segundo fotos e vídeos divulgados pela imprensa estatal.
A secretária da OEA denunciou a "ocupação ilegítima" de seus escritórios, que descreveu como uma violação das normas internacionais, segundo um comunicado divulgado na internet.
Em carta lida em uma transmissão oficial, Moncada disse que "a partir desta data" a Nicarágua deixa de fazer parte "de todos os mecanismos enganosos desta aberração, seja Conselho Permanente, sejam comissões, sejam reuniões, seja a Cúpula das Américas".
"Não teremos presença em nenhuma das instâncias desse instrumento diabólico da mal chamado OEA", assegurou.
O governo de Ortega, um ex-guerrilheiro de 76 anos no poder desde 2007, havia anunciado no final do ano passado a retirada da Nicarágua da OEA, que não reconheceu sua eleição para um quarto mandato consecutivo, com seus rivais e opositores presos e acusados de conspirar contra ele.
No entanto, de acordo com os protocolos, a saída deveria ocorrer no prazo de dois anos, para que a Nicarágua pudesse cumprir os compromissos pendentes que pudesse ter com a organização.
"Por enquanto, a Nicarágua é membro pleno e deve cumprir todos os seus compromissos", lembrou a organização, que exigiu do governo "respeito às obrigações que regem atualmente sua relação com a OEA", afirma um comunicado.
Em 23 de março, o então representante permanente da Nicarágua junto à OEA, Arturo McFields, surpreendeu durante seu discurso em uma sessão do conselho permanente, durante o qual descreveu o governo de Ortega como uma "ditadura" e denunciou as condições precárias em que seus opositores estavam presos.
"Não consigo entender os motivos do governo, mas essa retirada ocorre um mês depois do meu discurso na OEA", disse McFields neste domingo, em conversa com a AFP.
Os escritórios da OEA "estiveram historicamente em nosso país e fizeram parte de um processo histórico de pacificação na Nicarágua. Foram fechados escritórios que representam os acordos de paz na Nicarágua. O governo está fechando uma porta para a paz", acrescentou.
Conforme detalhado por McFields, os escritórios da OEA em Manágua atualmente funcionavam com uma equipe administrativa básica.