As forças russas concentram seus esforços na parte sul e oriental do país, em particular na região de Donbass e em Odessa, às margens do mar Negro, após fracassar no objetivo de tomar a capital Kiev nas primeiras semanas da guerra.
A prefeitura de Odessa informou pelo Telegram que um bombardeio russo atingiu um edifício residencial em que estavam cinco pessoas, resultando na morte de um adolescente de 15 anos. Uma menor de idade foi hospitalizada.
Os combates são especialmente intensos nos arredores de Izium, Lyman, e Rubizhne, posições que os russos tentam tomar para "preparar o ataque a Severodonetsk", uma das principais cidades de Donbass ainda sob controle de Kiev, afirmou nesta segunda-feira o Estado-Maior ucraniano.
"A situação na região de Lugansk pode ser descrita em poucas palavras: os duros combates seguem ativos", alertou o Ministério de Defesa da Ucrânia.
Com a aproximação do 9 de maio, data em que a Rússia comemora a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945, o governador da região de Lugansk declarou que esperava "uma intensificação dos bombardeios".
Mas o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, parece descartar a ideia. "Nossos militares não ajustarão artificialmente suas ações a nenhuma data", disse, em uma entrevista ao canal de televisão italiano Mediaset no domingo.
- Planos de anexação -
Além das decisões militares da Rússia, os Estados Unidos alertaram que Moscou planeja realizar referendos "em meados de maio" para "tentar anexar" as "repúblicas separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk, no leste.
"Moscou prevê um plano similar para Kherson", uma cidade costeira ucraniana controlada pela Rússia desde o início da invasão, em 24 de fevereiro, indicou o embaixador americano na Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), Michael Carpenter.
Segundo o embaixador, "esses simulacros de referendos, votações orquestradas, não serão considerados legítimos, assim como qualquer tentativa de anexar outros territórios ucranianos".
Previamente, o Ministério de Defesa ucraniano também cogitou a possibilidade da Rússia aproveitar a oportunidade para "apresentar a questão" de integração das "repúblicas" autoproclamadas pelos separatistas pró-russos em Donbass à Federação Russa, depois de Moscou reconhecer sua independência nas vésperas da invasão.
- Evacuações -
Durante toda a segunda-feira, as autoridades ucranianas esperaram poder retomar as evacuações de civis de Mariupol, iniciadas no fim de semana com a saída de uma centena de pessoas da grande usina de Azovstal, último reduto da resistência ucraniana na cidade portuária do sul de Donbass, totalmente controlada por forças russas.
Desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, milhares de civis fugiram de Mariupol, onde as autoridades ucranianas acreditam que ainda há entre 100.000 e 120.000 pessoas.
Nesta cidade, que antes da guerra tinha uma população de meio milhão de habitantes, as autoridades de Kiev temem que 20.000 pessoas já morreram desde o início do assédio das tropas russas, que deixou a urbe portuária reduzida a escombros.
A vice-primeira-ministra ucraniana, Irina Vereshchuk, declarou que "centenas de civis seguem presos".
Em Zaporizhzhia, situada cerca de 200 km a noroeste de Mariupol, veículos da Unicef e de ONGs internacionais foram enviados para receber os evacuados, em um estacionamento transformado em posto de acolhimento de refugiados, observou a AFP.
No entanto, nenhum comboio chegou ao local nesta segunda-feira. À noite, o batalhão Azov, que participa da defesa do complexo metalúrgico, indicou em comunicado pelo Telegram que", depois da evacuação parcial de civis do território de Azovstal, o inimigo continua disparando contra o território da usina, incluindo os edifícios onde estão escondidos civis".
Em um vídeo publicado no canal do batalhão Azov de Mariupol, o vice-comandante do batalhão, Sviatoslav Palamar, explicou que o cessar-fogo foi adiado na segunda-feira e que os veículos encarregados de evacuar os civis chegaram ao fim da tarde.
As operações, que começaram no sábado coordenadas por Ucrânia, Rússia, ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR), permitiram, pela primeira vez em dois meses de assédio e bombardeios contra a cidade, evacuar "mais de 100 civis" que continuavam refugiados na usina, de acordo com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.
Contudo, o chanceler russo causou polêmica após ser perguntado sobre a afirmação de que o seu país busca "desnazificar" a Ucrânia, já que o presidente ucraniano é judeu. Em sua resposta, Lavrov afirmou que Hitler "tinha sangue judeu".
O chanceler israelense, por sua vez, qualificou as afirmações como "escandalosas" e convocou o embaixador da Rússia para pedir "explicações".
- Retorno dos diplomatas a Kiev -
Enquanto isso, as potências ocidentais aumentaram os envios de armas pesadas para a Ucrânia e, pouco a pouco, voltam a instalar missões diplomáticas em Kiev, já que muitas delegações foram transferidas para Lviv, no oeste do país.
Seguindo a tendência de muitos países europeus, os Estados Unidos esperam retornar à capital ucraniana "antes do fim deste mês", anunciou hoje a encarregada de negócios de Washington, Kristina Kvien.
A União Europeia, por sua vez, busca aumentar a pressão sobre a Rússia endurecendo as sanções.
Os ministros de Energia do bloco se reúnem nesta segunda-feira à tarde em Bruxelas para definir um calendário sobre a questão. A Comissão Europeia, em representação da UE, prepara atualmente o texto que poderia ser submetido aos países-membros na quarta-feira, segundo essas fontes.
Da mesma forma, a UE reiterou sua recusa em pagar em rublos as compras de gás russo.
Outro revés contra Moscou veio da Uefa, que anunciou nesta segunda-feira a exclusão de clubes russos de suas competições europeias na próxima temporada, incluindo a lucrativa Liga dos Campeões.
A Rússia já havia sido excluída da Copa do Mundo de 2022 no Catar e suspensa de todas as competições internacionais "até segunda ordem".
MEDIASET SPA
ZAPORIZHZHIA