Isso não significa que as temperaturas irão se estabilizar de forma duradoura acima do limite, no sentido estipulado no Acordo de Paris sobre o clima, que busca conter o aumento da temperatura média abaixo de 2 ºC em relação aos níveis pré-industriais e, na medida do possível, que esse aumento permaneça abaixo de 1,5 ºC.
Segundo o novo boletim sobre o clima divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) das Nações Unidas, as chances de ultrapassar +1,5 ºC crescem desde 2015, quando esse risco era praticamente nulo.
De 2017 a 2021, a probabilidade era de 10%, mas passou "para quase 50% no período 2022-2026", indicou a OMM. No entanto, existe apenas uma pequena probabilidade (10%) de que a média desse quinquênio ultrapasse o limite de +1,5 ºC.
"Este estudo mostra, com grande confiabilidade científica, que estamos nos aproximando sensivelmente do momento em que atingiremos temporariamente o limite inferior do Acordo de Paris. A cifra de 1,5ºC não é uma estatística escolhida aleatoriamente. Indica o ponto a partir do qual os efeitos do clima serão cada vez mais nefastos para as populações e para todo o planeta", ressaltou o secretário-geral da OMM, Petteri Taalas.
As previsões desse boletim são baseadas em dados do Serviço Meteorológico do Reino Unido (Met Office). O documento indica que é muito provável (93%) que pelo menos um dos anos compreendidos entre 2022 e 2026 seja o mais quente já registrado (recorde ostentado pelo ano de 2016).
Leon Hermanson, do Met Office, esclareceu que, embora em um ano se supere o limite de 1,5 ºC, isso "não quer dizer que teremos superado o limite emblemático do Acordo de Paris", e sim "é um sinal de que nos aproximamos de um cenário em que o limite de 1,5°C poderia ser superado por um período prolongado".