Com quase todas as urnas apuradas, Ferdinand Marcos Jr., 64 anos, conseguiu mais de 56% dos votos votos, mais que o dobro da candidata liberal Leni Robredo, de acordo com os resultados anunciados pela Comissão Eleitoral.
Com uma vantagem de mais de 16 milhões de votos, a família Marcos vive uma impressionante mudança em poucas décadas, da chegada ao poder, a saída do país como pária e, agora, o retorno ao palácio presidencial.
Cerca de 67 milhões de filipinos estavam habilitados a votar nessas eleições gerais, nas quais são eleitos também o vice-presidente, deputados, metade dos senadores, governadores de províncias e outros milhares de responsáveis locais.
Quarenta anos depois de seu pai ser deposto e enviado ao exílio, Ferdinand Marcos Jr. leva a família de volta ao poder.
Em 1986, Marcos pai e sua esposa Imelda partiram para o exílio, expulsos por uma revolução do "poder popular".
O filho de Marcos se negou durante a campanha a denunciar os excessos de brutalidade e corrupção de sua família, preferindo evitar as menções ao que aconteceu naquele período.
Assim, os eleitores filipinos passaram a apoiar Marcos, com as memórias do regime apagadas pela passagem do tempo.
"Ele vai tirar o país da pobreza em que vivemos agora", disse Anthony Sola, ex-policial e apoiador de Marcos.
O homem de 50 anos rejeitou as alegações de que a família Marcos roubou 10 bilhões de dólares quando estava no poder: "Não acredito que roubaram dinheiro porque, se tivessem, teriam que estar presos".
Em um discurso na sede de campanha em Manila, Marcos agradeceu aos voluntários que trabalharam na campanha por meses de "sacrifícios e trabalho".
Ele evitou reivindicar a vitória ao alertar que "a apuração não terminou". Uma contagem certificada dos votos é aguardada para depois de 28 de maio.
- Direitos ameaçados -
Nas ruas, no entanto, centenas de eleitores empolgados soltaram fogos de artifício, exibiram a bandeira nacional e subiram em veículos estacionados para celebrar a vitória de seu candidato.
A campanha de Marcos trabalhou para esconder os excessos do regime de seu pai e para aproveitar o desencanto dos eleitores com os últimos governos.
Depois de seis anos de governo autoritário de Rodrigo Duterte, defensores dos direitos humanos, a Igreja Católica e analistas políticos expressam o temor de que Marcos se sinta estimulado a governar de maneira ainda mais dura se vencer por ampla margem.
"Acreditamos que a crise de direitos humanos vai piorar no país", declarou Cristina Palabay, secretária-geral da aliança Karapatan de direitos humanos.
Marcos e sua candidata a vice-presidente, Sara Duterte, ambos filhos de líderes autoritários, insistiram que são os mais preparados para unificar o país.
Outros candidatos eram o ex-boxeador Manny Pacquiao e o ator Francisco Domagoso.
- Violência -
Vários episódios de violência foram registrados na jornada eleitoral, incluindo as mortes de quatro seguranças quando um homem abriu fogo contra um local de votação em uma área de conflito do sul do país.
O crime aconteceu pouco depois do início da votação no município de Buluan, na ilha de Mindanao, que tem forte presença de grupos armados, que vão de insurgentes comunistas até militantes islamitas.
Homens armados também atacaram um local de votação na província de Lanao do Sul, em Mindanao. Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas.
No domingo à noite, cinco granadas explodiram diante de um centro de votação no município de Datu Unsay e nove pessoas ficaram feridas.
Um porta-voz da Comissão Eleitoral disse que tentavam verificar se as ações tinham relação com as eleições.