Jornal Estado de Minas

BRUXELAS

Ucrânia lamenta bloqueio húngaro ao embargo do petróleo russo

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, lamentou nesta segunda-feira (16) a resistência da Hungria à adoção de um embargo ao petróleo russo.



"Não é exagero dizer que há um único país que bloqueia a medida de embargo ao petróleo", parte do sexto pacote de sanções da União Europeia à Rússia, disse Kuleba, após uma reunião de ministros europeus em Bruxelas.

A União Europeia, declarou Kuleba, "terá que encontrar uma forma de atender às preocupações deste país", sem se referir diretamente à Hungria.

Na visão do chefe da diplomacia ucraniana, o sexto pacote de sanções "tem que incluir um embargo ao petróleo e lamento que esta decisão leve tanto tempo".

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) se reuniram para tentar convencer a Hungria a aceitar o bloqueio, embora alguns membros ainda expressem cautela.

"Não podemos garantir uma conclusão porque as posições são muito firmes", advertiu o ministro espanhol, Josep Borrell.

A ministra alemã, Annalena Baerbock, também expressou pessimismo: "alguns pontos devem ser esclarecidos na fase final", disse.



Para João Gomes Cravinhos, de Portugal, cerca de "duas semanas" serão necessárias para ajustar as diferenças e alcançar um acordo.

- Segurança energética -

A Hungria alega que o bloqueio ao petróleo russo traz riscos para sua segurança energética.

Segundo declarações do chanceler húngaro, Peter Szijjarto, à imprensa, o custo para adaptar a infraestrutura de seu país para dispensar o petróleo russo seria entre 15 e 18 bilhões de euros.

Devido a esta posição, o embargo está paralisado.

"Alguns Estados-membros enfrentam mais dificuldades porque são mais dependentes, não têm saída para o mar e nem a possibilidade de receber petroleiros diretamente", reconheceu Borrell.

A UE ofereceu à Hungria, República Tcheca e Eslováquia um período adicional de um ano de adaptação para reduzir gradualmente as importações, mas para a Hungria o prazo é insuficiente.



Seu primeiro-ministro, Viktor Orban, exigiu que seu país seja isento do embargo por pelo menos quatros anos e receba 800 milhões de euros para adaptar sua infraestrutura de refinaria, construída para o petróleo russo.

O chanceler da Lituânia, Gabrielius Landsbergis, se queixou do fato de que todo o bloqueio da UE "é refém de um Estado-membro que não colabora para um consenso".

Para o ministro irlandês, Simon Coveney, um embargo é um panorama difícil para os países dependentes do petróleo russo, mas é preciso "avançar".

O chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares Bueno, destacou que é necessário reduzir a capacidade da Rússia em financiar a guerra na Ucrânia, mas que é urgente evitar "que a Rússia desestabilize estados europeus dependentes" de seus hidrocarbonetos.