"Nos preocupa [que a Suprema Corte dos Estados Unidos revogue o aborto] porque pode ser um enorme retrocesso para os direitos das mulheres", disse Bachelet por videoconferência durante um fórum econômico da agência Bloomberg na Cidade do Panamá. A ex-presidente do Chile falou em inglês, com tradução simultânea.
"Milhões de mulheres nos Estados Unidos serão afetadas por essa decisão, considerando que são mulheres de minorias e baixa renda, e quando temos leis (sobre o aborto) altamente restritivas há um impacto alto para as mulheres que vivem na pobreza", acrescentou.
No começo de maio, vazou um rascunho de um parecer da Suprema Corte dos EUA que busca anular "Roe vs. Wade", a histórica decisão de 1973 que estabeleceu garantias para o acesso ao aborto a nível nacional.
Posteriormente, alguns juízes alegaram que não se tratava de uma resolução definitiva e que o texto seguia em avaliação. O alto tribunal está dominado por conservadores, muitos indicados durante o governo do republicano Donald Trump (2017-2021).
"Globalmente o aborto não seguro é a principal causa da morte materna" e se a Suprema Corte americana, no fim das contas, derrubar o direito ao aborto, irá reverter "mais de cinco décadas nos direitos" das mulheres, afirmou Bachelet.
A alta comissária da ONU também observou que os estados devem oferecer às mulheres, se assim desejarem, a possibilidade de interromper a gestação, sem impor apenas opções restritivas baseadas em conceitos pré-concebidos.
"Os estados não devem impor uma perspectiva específica, devem garantir que todas as mulheres, de acordo com suas crenças, religião, credo ou decisões sobre sua própria autonomia e seu corpo, possam ter acesso a diferentes alternativas", declarou ela.
PANAMÁ