LaMar é acusado de assassinar cinco dos 9 companheiros de cela e um guarda durante um motim iniciado em 11 de abril de 1993 por um grupo de prisioneiros muçulmanos que se recusaram a se submeter a um teste de tuberculose porque o soro continha álcool.
"Se e quando chegar a hora, eu sou uma vítima infeliz do estado... não será porque não tentei fazer tudo ao meu alcance para evitá-lo."
"Nesse sentido, sinto como se tivesse salvado minha vida", disse à AFP por telefone.
Ele vem se preparando psicologicamente, moralmente e legalmente há 30 anos para que esse momento não aconteça.
Preso desde os 19 anos pelo assassinato de um amigo viciado que o ameaçou com uma arma para levar a droga que ele vendia no final dos anos 1980, um falto pelo qual admite sua culpa.
Nos primeiros quatro dos 18 anos da primeira condenação, cursou o ensino médio e depois em em um programa universitário "tentando, com todas as minhas forças, me redimir", diz em seu livro "Condenados ", no qual explica sua versão para o motim.
LaMar quer que seu caso seja reaberto, porque, segundo ele, foi marcado por irregularidades como a destruição de provas e a retenção de informações que teriam provado sua inocência.
- "Negro em um país racista" -
"Quando você é pobre, negro em um país racista, é condenado", diz ele.
Agora, Keith LaMar não está sozinho. Além de uma equipe de advogados tentando abrir o caso, o músico de jazz espanhol Albert Marques está fazendo uma campanha com outros músicos para exigir "Justiça para Keith LaMar" e aumentar a conscientização pública sobre seu caso.
No último fim de semana ele deu um show na Jazz Gallery em Nova York para comemorar o lançamento do CD "Freedom First" que LaMar e o catalão compuseram juntos.
Do corredor da morte a voz voluptuosa mas firme do prisioneiro soou ao vivo durante grande parte do concerto.
"A ideia não é tocar para Keath, é tocar com Keath", disse o catalão à AFP.
LaMar, autor de várias letras das canções em que narra a sua vida e reflete sobre o seu destino, é "membro da banda e ganha o mesmo que o resto dos músicos", sustenta.
Mas como participar de um show a centenas de quilômetros de distância quando se está no corredor da morte?
"Ele pode fazer ligações da cadeia, pelas quais paga" e comenta com certo sarcasmo: os porteiros "não podem proibir algo que não imaginam que esteja acontecendo".
"Não estamos fazendo nada de ilegal, eles podem mudar as regras porque se quiserem podem proibir", diz, antes de apontar que a única coisa que estão fazendo é "conscientizar" sobre o caso de um "de seus melhores amigos" que ele visita periodicamente na prisão de segurança máxima de Ohio.
Para LaMar, o músico tem sido uma das "bênçãos de sua vida" e sua "última esperança" de que seu caso ultrapasse os osbstáculos. Mas acima de tudo, ganhou um "amigo".
"A música é uma grande parte da minha vida", ele responde depois de reconhecer que a primeira coisa que faz quando acorda "antes de colocar os pés no chão" é colocar um CD. Isso junto com a escrita.
"Procuro fazer coisas úteis porque é a única maneira de dar sentido à minha própria vida" e para que as pessoas que "importam" para ele não apenas acreditem em sua "inocência", mas "acreditem nele como ser humano" ", conclui.