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Estado de Minas WASHINGTON

Morre em prisão dos EUA ex-chefe do Cartel de Cali que encurralou Pablo Escobar


01/06/2022 19:12

O ex-chefão do narcotráfico Gilberto Rodríguez Orejuela, que chegou a ser considerado o maior traficante do mundo após a morte de Pablo Escobar, morreu na terça-feira em uma prisão dos Estados Unidos aos 83 anos, confirmou nesta quarta (1) à AFP seu advogado.

"Lamentamos o falecimento de Gilberto ontem à noite", afirmou por e-mail o advogado David Oscar Markus, sem revelar a causa da morte.

Até ser capturado em 1995, "O Enxadrista" comandou o poderoso Cartel de Cali junto com seu irmão, Miguel, de 78 anos, também preso nos Estados Unidos desde 2005.

Gilberto chegou a ser considerado por Washington o narcotraficante mais poderoso do mundo após a morte de Pablo Escobar.

Ele e o irmão, Miguel, se uniram às autoridades para acabar com seu então arqui-rival, Pablo Escobar, chefe do cartel de Medellín morto pela polícia em 1993.

Gilberto foi capturado em 1995 e condenado a 15 anos de prisão por tráfico de drogas, dos quais cumpriu apenas sete anos e três meses. Recuperou a liberdade em 2002, mas voltou a ser preso em Cali em 2003, acusado de enviar de 150 quilos de cocaína para a cidade americana de Tampa, na Flórida.

Um ano depois foi extraditado aos Estados Unidos e condenado a 30 anos de prisão por narcotráfico e lavagem de dinheiro.

O Cartel de Cali, que segundo os Estados Unidos chegou a controlar 80% dos envios de cocaína àquele país, foi desmantelado em meados da década de 1990.

Quatro décadas depois, a Colômbia é o maior produtor mundial de cocaína e o mercado americano é seu principal destino. No caminho ficaram chefes do tráfico, juízes e policiais sem que o negócio tenha esfriado.

Em seus últimos anos, o 'enxadrista', um homem de origem humilde - quando jovem fazia entregas de bicicleta - esteve gravemente doente de câncer - um de próstata e outro de cólon - e também sofreu uma hemorragia cerebral. Sua família interpôs sem sucesso vários recursos para que o traficante voltasse para morrer na Colômbia.

- Perfil discreto -

Um telefonema em 1987 acendeu a faísca entre os dois cartéis do narcotráfico mais poderosos do século XX na Colômbia. Escobar declarou "inimigo" Rodríguez diante de sua negativa de lhe entregar um de seus sócios para executá-lo.

Um ano depois, um carro carregado de dinamite explodiu em um setor abastado de Medellín, onde morava a família de Escobar, causando danos auditivos em sua filha pequena.

Revoltado, o chefão respondeu na mesma moeda em 1990. O alvo foi uma farmácia em Cali que servia de fachada dos Rodríguez Orejuela para lavar dinheiro.

Sempre agindo com a cabeça fria, Rodríguez juntou forças entre os adversários de Escobar até vê-lo morto. Em entrevista à W Radio pouco após ser extraditado, reconheceu sua aliança com a polícia que matou a tiros um Escobar obeso e solitário quando ele tentava fugir por um telhado em Medellín.

"Nós fizemos contato com eles, começamos a informá-los, começamos a dar ajuda logística", revelou. Sua versão sempre foi negada pelas autoridades.

Sutilmente, Gilberto e seu irmão abriram um espaço na elite econômica e política do país. Contrário ao excêntrico Escobar, que se aventurou na política e chegou ao Congresso antes de dar uma recompensa por cada policial assassinado, Rodríguez preferia o suborno.

Em 1995, foi capturado na Colômbia e ficou preso sete anos. Era muito discreto. "Eles não matavam, mas corrompiam", disse à revista Semana o general reformado Rosso Serrano, no comando da operação policial que recapturou em 2003 o maior dos Rodríguez, acusado de reincidir no negócio.

Em um escândalo conhecido como "Processo 8.000", o ex-presidente Ernesto Samper (1994-1998) foi acusado de receber um aporte milionário dos irmãos à sua campanha, acusações que Samper sempre negou. O Congresso o absolveu em um polêmico julgamento, que evitou sua investigação judicial.

Desde antes, os Rodríguez controlavam o América de Cali, clube de futebol com mais títulos na época, os negócios de criação de cavalos e concursos de miss.

Imagens da época da extradição mostraram grisalho e com colete à prova de balas o homem que acumulou uma fortuna de 12 bilhões de dólares, segundo o centro de estudos InSight Crime.


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